Código
RC024
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Instituto de Previdência Servidores de MG (IPSEMG)
Autores
- LUCAS ASSIS COSTA (Interesse Comercial: NÃO)
- MURILO CARLOS COSTA GOMES (Interesse Comercial: NÃO)
- GUSTAVO HELENO DE ALBUQUERQUE TEMPONI (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ULCERA DE MOOREN PRESUMIDA – RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar caso de paciente com úlceras corneanas periféricas de repetição e propedêutica com investigação de causas sistêmicas.
Relato do Caso
Paciente MGRG, 71 anos, relata dor ocular bilateral e lacrimejamento há cerca de 1 mês. Hipertensa e portadora de hipotireoidismo. Ao exame: Hiperemia conjuntival +1 e úlceras corneanas periféricas em crescente em AO, estendendo-se nasal e inferiormente por mais de 180°. Dellen adjacente às úlceras, com afilamento estromal importante e vascularização (pannus) e ingurgitamento dos vasos perilímbicos. Iniciado tratamento com moxifloxacino + dexametasona tópicos, colírio lubrificante sem conservantes de hora em hora e curso rápido de corticoterapia oral em redução. Refere recorrências tratadas previamente. Rastreio infeccioso e sistêmico (incluindo doenças reumatológicas) negativos, sendo portanto úlcera de Mooren a principal hipótese diagnóstica. Evolui com redução dos sinais inflamatórios e epitelização das úlceras, superfície corneana irregular e ressecamento importante.
Conclusão
A úlcera de Mooren tem fisiopatologia não totalmente elucidada, sugerindo-se mecanismo autoimune. Estudos sugerem a possibilidade da interação de fatores genéticos e ambientais, incluindo associação com o alelo HLA-DR17. É uma ceratite crônica que acomete estroma e epitélio corneano, iniciando-se com infiltrado acinzentado, perilímbico, que evolui para úlcera única ou múltipla. Tende a evoluir em forma de anel na periferia da córnea e aprofundar em sua espessura, com eventual perfuração. Diagnóstico requer ausência de infecção ocular ou doenças reumatológicas sistêmicas, que definem o espectro fisiopatológico das ceratites ulcerativas periféricas (PUK), na qual a artrite reumatoide está associada a cerca de 40% dos casos. Manejo inclui corticosteroides tópicos em altas doses. Ciclosporina e interferon alfa 2 são uma possibilidade. Intervenções cirúrgicas são indicadas em casos graves refratários, e citam-se ressecção conjuntival e transplante lamelar. Imunossupressão sistêmica é reservada para casos sem boa resposta clínica ou cirúrgica.