Título

LUXAÇAO ESPONTANEA BILATERAL DE CRISTALINO PARA CAMARA ANTERIOR: UM RELATO DE CASO OBJETIVO

Objetivo

Relatar sobre o caso de luxação espontânea bilateral do cristalino.

Relato do Caso

Masculino, 25, apresentou, após midríase com tropicamida, glaucoma agudo e perda visual súbita. Fez uso de manitol EV para redução da PIO (encontrava-se em 50 mmHg). Paciente negava comorbidades, medicações de uso contínuo, traumas e cirurgias oftalmológicas. História familiar negativa para glaucoma. Ao chegar serviço do hospital, estava com acuidade visual (AV) com movimento de mãos em olho direito (OD), sem melhora com correção, e 20/40 em olho esquerdo (OE) com correção. Na biomicroscopia, o OD apresentou edema corneano 1+/4+, com cristalino subluxado para câmara anterior, tocando endotélio corneano, hiperemia conjuntival 3+/4+, pálpebras sem alterações. OE normal. Foi encaminhado para abordagem cirúrgica com vitrectomia anterior + lensectomia parcial, deixando o paciente afácico em OD. Em consulta pós-operatória, foi feito tropicamida AO, onde foi visualizado fragilidade de inserção do cristalino em OE. Foi encaminhado de urgência para lensectomia + implante de LIO com técnica Yamane. Após a segunda abordagem, evoluiu com hifema de aproximadamente 30% em câmara anterior e hemorragia vítrea, sendo encaminhado para lavagem de câmara anterior + vitrectomia via pars plana. No 51º pós-operatório, apresentou melhora da AV, chegando a 20/25 AO com correção.

Conclusão

A luxação de cristalino é um acontecimento oftalmológico raro. Dentre suas causas, podem ser citadas o trauma (principal etiologia com 50% dos casos), a a luxação espontânea (mais rara) e doenças hereditárias (doença de Marfan, síndrome de Weill-Marchesani). Dentre as luxações espontâneas, ela pode ser para a cavidade vítrea (CV) e, mais raramente, para a câmara anterior (CA). Quando seu deslocamento ocorre para a CA, algumas possíveis complicações são edema de córnea, glaucoma agudo e uveíte anterior. A luxação para a CV normalmente não gera complicações e nem sempre requer cirurgia. Apesar de rara, a luxação cristalina é de grande importância clínica, visto as possíveis complicações da doença.