Código
RC004
Área Técnica
Catarata
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Santo Amaro
Autores
- KAUÊ MARQUES FERREIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- Mariana Salgado Carvalho (Interesse Comercial: NÃO)
- Luiz Formentin (Interesse Comercial: NÃO)
Título
Deslocamento espontâneo do núcleo do cristalino para a câmara anterior.
Objetivo
Relatar um caso de ruptura espontânea da cápsula anterior do cristalino e deslocamento do núcleo para câmara anterior (CA), sem história de trauma ocular.
Relato do Caso
Mulher, 79 anos, branca. Queixa: dor e hiperemia em olho esquerdo (OE) há 2 meses. Comorbidades: DPOC sem tratamento. Antecedentes oftalmológicos: glaucoma sem tratamento, facectomia extracapsular em olho direito (OD) há 15 anos e cegueira em OE há 3 anos. Acuidade visual sem correção: 20/50 e sem percepção luminosa; Biomicroscopia: OD: iridectomia às 10h e pseudofácica; OE: hiperemia bulbar 2+, edema de córnea 1+, dobras de Descemet 2+, neovascularização de íris 360º e presença de núcleo do cristalino na CA; Pressão intraocular (PIO): 14 e 42 mmHg; Mapeamento de retina: OD: atrofia peripapilar 360º e escavação 0,8x0,8; OE: meios pouco transparentes, escavação subtotal e retina aplicada; USG: OD: normal OE: ecos puntiformes difusos na câmara vítrea, descolamento posterior do vítreo e cápsula posterior do cristalino íntegra. Os achados biomicroscópicos, associados a USG confirmaram nossa suspeita de deslocamento espontâneo do núcleo do cristalino para a CA, além do diagnóstico de Glaucoma Neovascular. Conduta: brimonidina 0,2%, dorzolamida 2% e prednisolona 1% OE. Houve redução da PIO para 30 mmHg. Indicado facoemulsificação para retirada do núcleo da CA pelo risco de descompensação corneana e para alívio da dor.
Conclusão
A catarata hipermadura é o processo final de formação da catarata senil. Ocorre quando as fibras corticais do cristalino se liquefazem, possibilitando o deslocamento do núcleo. A ruptura espontânea da cápsula anterior, resultando em descolamento do núcleo para a CA, foi descrito como uma rara complicação. A presença do núcleo do cristalino na CA e a visualização da cápsula posterior confirmados pelo USG, sem a história de trauma ocular, nos levaram ao diagnóstico. A conduta proposta foi a cirurgia, utilizando baixos parâmetros e bastante viscoelástico para minimizar os danos endoteliais e das estruturas do segmento anterior, além é claro, do tratamento do Glaucoma.