Código
RC025
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Autores
- PAULO DA COSTA FONTANA (Interesse Comercial: NÃO)
- Beatriz Kawasaki Meneses (Interesse Comercial: NÃO)
- Patricia Maria Fernandes Marback (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ULCERA FUNGICA SECUNDARIO A MUCORMICOSE: UM RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar o caso de úlcera fúngica secundário a mucormicose e ceratoplastia penetrante como conduta terapêutica.
Relato do Caso
Paciente 47 anos, masculino, diabético descompensado, encaminhado ao ambulatório de córnea com história de sensação de corpo estranho e baixa acuidade visual em olho direito há 2 meses. Negou trauma. Estava em uso de esquema antibiótico e antifúngico de amplo espectro há 1 mês. Ao exame, acuidade visual de vultos em olho direito, à melhor correção. À biomicroscopia: hiperemia conjuntival, edema corneano difuso, defeito epitelial de 1x1 mm, infiltrado estromal e infiltrados satélites e hipópio. (Fig. 1A) Devido à suspeita de etiologia fúngica, manteve o uso de anfotericina B, gatifloxacino e realizada lavagem intracameral com anfotericina B, recobrimento conjuntival e coleta de material para cultura, na qual não houve crescimento. A despeito das condutas, evoluiu com piora clínica (Fig. 1B), optado por internamento para compensação glicêmica e nova lavagem intracameral com anfotericina B e recobrimento conjuntival. Fez uso de cetoconazol e voriconazol no período, sem resposta. Optado por transplante terapêutico e enviado botão para anatomopatológico que evidenciou estruturas compatíveis com hifas de Mucor. (Fig . 2) Após o transplante o paciente não apresentou recidiva da infecção, porém evoluiu com falência primária com necessidade de nova ceratoplastia.
Conclusão
A ceratite por mucormicose é rara e, em geral, se associa a história de trauma. O principal fator de risco é o diabetes mellitus descompensado. A suspeição desse agente etiológico é importante em pacientes com este perfil, principalmente em casos refratários. A ceratoplastia penetrante como conduta terapêutica para controle da infecção não só fornece uma forma mais agressiva de tratamento, auxiliando no controle da disseminação para tecidos adjacentes, mas também permite a confirmação diagnóstica em casos de cultura negativa. Este é um recurso defendido pela literatura em casos de mucormicose em outros sítios.