Título

PUPILA TONICA DE ADIE BILATERAL SECUNDARIA A ENXAQUECA: RELATO DE CASO

Objetivo

Descrever manifestação incomum da Pupila tônica de Adie secundária a enxaqueca e, dessa maneira, contribuir no delineamento da fisiopatologia.

Relato do Caso

Mulher, 41 anos, referiu em 03/2019 dificuldade de visão para perto após crise de enxaqueca. Percebeu oscilação da acuidade visual e midríase em olho esquerdo (OE) e direito (OD) 4 dias e 2 dias prévios à consulta, respectivamente (Figura A). Ao exame, acuidade visual sem correção de 20/40 em OD e de 20/50 em OE. Leu J6 com correção esférica de -7,50 em ambos os olhos (AO). A pupila do OD reduziu de 9mm no escuro para 8mm no claro, e para 6mm no reflexo para perto e na instilação de pilocarpina 0,10% (Figura B). A pupila do OE reagiu de 8mm no escuro para 5mm no claro. Para 4mm na resposta para perto e para 3mm no teste de pilocarpina 0,10% (Figura B), indicando hipersensibilidade colinérgica. Na biomicroscopia, apresentou contração segmentar em AO. Herpes simples, zoster, HIV e autoimunidades foram excluídos após investigação. A midríase reverteu em 7 dias. Em retorno de 2 semanas, acuidade visual com correção de 20/20 e J1 em AO, pupilas isocóricas de 4mm e responsivas à luz em AO (Figura C).

Conclusão

Propõe-se, na literatura, que a pupila de Adie secundária a enxaqueca seja ocasionada por isquemia no gânglio ciliar e depleção de eferência parassimpática. O olho esquerdo foi acometido por 4 dias antes da consulta, tempo suficiente para promover depleção parassimpática e hipersensibilidade colinérgica. Contrariamente, o evento agudo na pupila do OD preservou as fibras autonômicas e pouco respondeu à pilocarpina. A última revisão de literatura no tema elucida a necessidade de novos relatos para entender a associação. Este estudo supre a demanda, pois endossa a etiologia isquêmica. Em nosso conhecimento, esse é o primeiro caso reportado de Pupila de Adie Bilateral Assíncrona secundária a Enxaqueca.