Sessão de Relato de Caso


Código

RC276

Área Técnica

Uveites / AIDS

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Centro de Pesquisa Rubens Siqueira
  • Secundaria: UFMG

Autores

  • DANIEL BODOUR DANIELIAN FILHO (Interesse Comercial: NÃO)
  • RUBENS SIQUEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
  • LARISSA LIMA MAGALHÃES (Interesse Comercial: NÃO)

Título

RETINITE POR CITOMEGALOVIRUS CONCOMITANTE A QUADRO DE NEUROSSIFILIS COM DIAGNOSTICO TARDIO

Objetivo

Relatar caso de paciente HIV positivo com quadro de retinite por citomegalovírus(CMV) associado à Neurossífilis com evolução sombria

Relato do Caso

PC, 36 anos, HIV positivo sem tratamento por escolha própria, com queixa de redução da acuidade visual(AV) em ambos os olhos(AO). Familiares médicos referiram que outros exames laboratoriais, incluindo pesquisa para sífilis e toxoplasmose, foram negativos. Ao exame, AV:20/100 em OD e 20/80 em OE. À biomicroscopia:reação de câmara anterior ausente, com celularidade vítrea e haze1+. Fundoscopia de OD revelando lesão retiniana no pólo posterior com exsudatos e hemorragia. Vasculite exuberante, edema do disco óptico(DO) e foco hemorrágico em AO. Firmado o diagnóstico de retinite por CMV com neurite. Instituído tratamento com ganciclovir sistêmico, sem adesão do paciente. Após 1 mês retorna com retinite ativa e AV de vultos no OD e 20/200 no OE. Iniciado ganciclovir e anti-retroviral. Evoluiu com melhora do CD4=500, AV de vultos em OD e 20/400 em OE. Lesão quase totalmente cicatrizada, com celularidade vítrea de 3+ no OD e 2+ no OE, aventada Síndrome de Recuperação Imune. Após 1 semana, retorna com piora visual. À fundoscopia, OD com lesão em estágio final de cicatrização e edema persistente do DO em AO. Solicitado potencial visual evocado: sem respostas registráveis, com déficit funcional do nervo óptico. Foram levantadas, novas hipóteses diagnósticas: hipertensão intracraniana, encefalite por toxoplasmose e neurossífilis. Novos exames laboratoriais foram solicitados: CD4=479, CD8=658, sangue VDRL+FTA-ABS positivo. Dessa forma, firmou-se o diagnóstico de neurossífilis e o paciente iniciou tratamento sistêmico. Evoluiu com AV de 20/300 no OD e vultos no OE, com lesões cicatrizadas e atrofia de DO.

Conclusão

O diagnóstico precoce de sífilis apresenta impacto positivo no prognóstico visual dos pacientes. No caso descrito, devido ao efeito prozona ou por erro laboratorial, o diagnóstico foi instituído muito tardiamente, o que culminou em uma evolução sombria do prognóstico visual do paciente.

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