Título

CARACTERISTICA ULTRASSONOGRAFICA DE CORPO ESTRANHO INTRAOCULAR PROVENIENTE DE TRAUMA COM MUNIÇAO DE ELASTOMERO (BALA DE BORRACHA)

Objetivo

Relatar características ultrassonográficas de corpo estranho intraocular (CEIO) de natureza atípica

Relato do Caso

14 anos, sexo feminino, vítima de trauma ocular com explosivo no olho esquerdo (OE): acuidade visual movimento de mãos, laceração corneana paracentral temporal até o limbo, hérnia de íris, hifema total e fundoscopia impossível. Olho direito sem alterações. Após a cirurgia de sutura da córnea e reconstrução da câmara anterior, a ultrassonografia (AVISO, Quantel, 10MHz transpalpebral) mostrou: diâmetro axial normal; cristalino de ecogenicidade homogênea e baixa, sem sinal de rotura capsular, processo hemorrágico e/ou inflamatório vítreo, interface côncava de alta refletividade (extensão: 4,69 mm) na porção anterior e superior da cavidade vítrea, gerando sombra acústica, compatível com CEIO; espessamento macular, descolamento periférico da coroide superior e coleção hipoecogênica extra-escleral. Com informações do exame, uma segunda intervenção cirúrgica foi realizada para lavagem de câmara anterior, facectomia, vitrectomia posterior via pars plana e retirada do CEIO. No intra-operatório, observou-se descolamento de retina inferior com rotura periférica, tratado com drenagem, fotocoagulação e silicone intra-vítreo. Na evolução, acuidade visual de percepção luminosa, retina aplicada e rotura bloqueada. À macroscopia, o corpo estranho tinha forma arredondada com diâmetro de 4 mm e composição de borracha. Nesse momento, a genitora informou que a causa do trauma poderia ter sido um disparo de bala de borracha (munição de elastômero) utilizada pela força policial.

Conclusão

A ultrassonografia empregada no pós-operatório imediato do trauma penetrante ocular foi capaz de identificar a posição e de estimar a dimensão do CEIO de natureza atípica, informação útil para o planejamento cirúrgico.