Título

Associação de prolactinoma e neuropatia glaucomatosa

Objetivo

Relatar caso de associação de prolactinoma com neuropatia glaucomatosa

Relato do Caso

Masculino, 71 anos, encaminhado do serviço de Neurocirurgia do Hospital Mário Covas em 2009 para investigação oftalmológica após ressecção de adenoma hipofisário (prolactinoma). Apresentava baixa acuidade visual (BAV) em ambos os olhos (AO) há 10 anos, pior em olho esquerdo (OE).Ao exame, apresentava acuidade visual (AV) com melhor correção 20/40 em olho direito (OD) e movimento de mãos em OE. À biomicroscopia sem alterações AO. Com reflexo fotomotor direto e consensual diminuídos em OE. Pressão intraocular (PIO) de OD 13 e OE 12 mmHg. À gonioscopia apresentava ângulo aberto 360º AO. Fundoscopia (FO) com escavação 0,6 OD e 0,9/ subtotal com perda de rima nasal em OE. Durante acompanhamento no setor de NeuroOftalmologia da FMABC, paciente evoluiu com piora de AV e progressão de campo visual(CV), apesar da ressecção tumoral em 2009. Apresenta hoje AV OD 20/40 E OE SPL, com FO mantido e CV OD evidenciando escotoma temporal. Tais achados reforçam a concomitância de uma neuropatia compressiva com uma glaucomatosa.

Conclusão

O caso descreve paciente com diagnóstico previo de prolactinoma, que apesar da ressecção tumoral, evoluiu com piora da AV e progressão do CV, interrogando a possibilidade de associação da neuropatia compresssiva com a glaucomatosa.Tal confusão é recorrente na oftalmologia, uma vez que tumores hipofisários podem causar defeitos variáveis no CV, atrofia do disco optico e alterações na escavação, devido a compressão ou destruição das fibras decussantes no centro do quiasma óptico, mimetizando assim a neuropatia glaucomatosa. O mesmo já foi relatado por Ahmed et al, em uma série de casos que demonstraram que 6,5% dos pacientes rotulados com glaucoma tinham na realidade a neuropatia compressiva.Assim, o caso mostra a importante correlação clinica das alterações do CV com o disco óptico, além dos sintomas sistêmicos do paciente para se chegar ao diagnóstico correto, que acaba sendo um desafio até mesmo para especialistas, como mostra o estudo de Dias et al.