Título

DESAFIO DIAGNOSTICO - BAIXA VISAO, CEFALEIA, MENINGISMO, ZUMBIDOS

Objetivo

Discutir a importância do exame oftalmológico para diagnóstico e conduta de doenças sistêmicas.

Relato do Caso

Paciente feminina, 37 anos, hígida, compareceu ao pronto socorro com queixa de cefaleia, meningismo, zumbido e baixa de visão progressiva há 15 dias. Ao exame revelou acuidade visual corrigida (AVCC) de 20/200 bilateralmente. Na biomicroscopia foi observada injeção ciliar e reação de câmara anterior 3+/4+ em ambos os olhos (AO). A fundoscopia mostrou presença de coroidite com múltiplos focos de descolamento seroso da retina em AO, confirmados pela ecografia B. A revisão laboratorial apresentou Hb=13g/dL, leucócitos 13700/mm3, cálcio iônico 1.22mmol/l; ECA negativa, PCR=14mg/L, VDRL negativo, FTAAB negativo e radiografia de tórax habitual. Afastada a possibilidade de infecções, foi firmado o diagnóstico de panuveíte, compatível com doença de Harada (VKH) incompleta. Assim, a paciente foi submetida a pulsoterapia venosa com metilprednisolona 1g/dia por 3 dias e desmame progressivo da corticoterapia. Após 20 dias apresentou AVCC 20/30 em AO.

Conclusão

A doença de VKH é uma entidade que acomete múltiplos órgãos e, quando não tratada em tempo hábil, apresenta elevado risco para cegueira. Muitas vezes o diagnóstico diferencial de doenças oculares, otorrinolaringológicas e neurológicas é difícil e demanda grande experiência no seu manejo. Por isso é necessário que o médico generalista identifique os sinais de gravidade dessas doenças para que possa discernir quais os pacientes que necessitam de pronto referenciamento ao especialista. Caracteriza-se por ser uma doença sistêmica autoimune que desencadeia uma uveíte difusa granulomatosa bilateral em geral acompanhada de manifestações neurológicas, auditivas e dermatológicas. Isso dificulta o diagnóstico para o médico não especializado e ilustra a necessidade de abordagem multidisciplinar.