Título

SINDROME DA FROUXIDAO PALPEBRAL EM RECEM -NASCIDO: RELATO DE CASO

Objetivo

Síndrome da frouxidão palpebral (SFP) é caracterizada pela perda de tensão (frouxidão) da pálpebra superior, que é, então, facilmente evertida. A SFP é mais frequente em pacientes obesos, com apnéia obstrutiva do sono. Já a eversão congênita das pálpebras superiores é uma condição rara, mais observada em bebês de origem afro-caribenha, na síndrome de Down e na ictiose congênita. Ela normalmente é bilateral, simétrica e pode desaparecer espontaneamente com tratamento conservador ou requerer cirurgia.

Relato do Caso

LMO, 5 meses, melanoderma, natural de Uberlândia, foi encaminhado para programação de cirurgia cardíaca, devido Tetralogia de Fallot. Apresentava malformações em investigação sindrômica: facies atípica com hipertricose cefálica, fenda palatina, nefropatia bilateral, hipoplasia de corpo caloso. Ao exame oftalmológico: cianose periférica, congestão palpebral, alongamento importante das pálpebras superiores com flacidez cantal medial e lateral, com fácil eversão palpebral principalmente aos esforços (choro), imbricamento da pálpebra superior na inferior e dificuldade de abertura palpebral. Biomicroscopia: córnea transparente, quemose, hiperemia e presença de secreção nos fórnices conjuntivais. Fundoscopia normal. Foi orientado realizar higiene local, aplicar gel oftálmico de dexpantenol, curativo oclusivo à noite e interromper o uso dos colírios antibióticos. Foi submetido a cirurgia de Blalock-Taussig sem intercorrências, evoluindo melhora dos parâmetros cardíacos. Após 15 dias de pós operatório, houve regressão da congestão e flacidez palpebral, com aumento da fenda palpebral na abertura espontânea, desaparecimento da imbricação, melhora da quemose, hiperemia e secreção conjuntival

Conclusão

No caso relatado, o paciente apresentava hipóxia crônica comum a síndrome em adultos, mas de origem cardíaca, o que sugere que fenômenos associados a hipóxia estejam relacionados à alterações oculares. Após cirurgia cardíaca houve melhora significativa do quadro ocular, porém, em alguns casos, o reposicionamento palpebral pode requerer correção cirúrgica específica.