Código
RC135
Área Técnica
Plástica Ocular
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: CLÍNICA OFTALMOLÓGICA - HCFMUSP
Autores
- JAQUELINE SILVA DE REZENDE (Interesse Comercial: NÃO)
- SUZANA MATAYOSHI (Interesse Comercial: NÃO)
- PATRICIA PICCIARELLI DE LIMA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
TUMOR FIBROSO SOLITARIO DE SACO LACRIMAL: RELATO DE CASO
Objetivo
Tumor Fibroso Solitário (TFS) (que atualmente abrange o hemangiopericitoma) é uma neoplasia rara, que surge a partir da proliferação de fibroblastos ou fibroblastos-like, sendo maligna em 30% dos casos. O acometimento orbitário é raro, com crescimento lento. A localização no saco lacrimal (SL) foi descrita em apenas 10 casos na literatura. O objetivo deste trabalho é relatar um caso desta rara neoplasia.
Relato do Caso
Mulher, 31 anos, com história de epífora em OD há 6 anos, apresentava no início obstrução parcial de via lacrimal (VL). Relatava irrigação lacrimal com hialuronidase, sem sucesso. Já havia apresentado dacriocistite e sido submetida a duas cirurgias endonasais no ano anterior, sem melhora. Exame oftalmológico sem alterações e sondagem e irrigação das VL eram positivas, mas havia refluxo de secreção. À nasofibroscopia, havia abaulamento na parede lateral do meato médio. RNM mostrava tumor sólido de etmoide e SL direito. Biópsia de lesão mostrou expressão de CD 34, compatível com TFS, com crescimento infiltrativo e nódulos satélites. Foi realizada ressecção completa da lesão desde ponto lacrimal até ducto nasolacrimal, por via externa, complementada por etmoidectomia e radioterapia adjuvante. O seguimento clínico-radiológico não mostrou recidiva no período de 36 meses.
Conclusão
Entre as afecções lacrimais, a neoplasia de SL é uma entidade pouco frequente. Quando a semiologia é suspeita (obstrução lacrimal parcial, dacriocistite), exames de imagem como TC e RNM auxiliam o diagnóstico. A abordagem externa transcutânea com visão total do SL é o procedimento de escolha. A osteotomia pode possibilitar a disseminação do tumor. O tratamento inicial consiste de uma dacriocistectomia, seguida pela ressecção completa da VL, caso se confirme a neoplasia. A permeabilidade da via de drenagem é secundária: deve ser reconstituída somente após a comprovação de não-recidiva no sítio cirúrgico. Embora metástases sejam infrequentes, a manipulação do tumor por procedimentos prévios poderia ser um fator agravante. Assim, optou-se por radioterapia complementar.