Código
RC202
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Faculdade de Medicina da Fundação Universidade do ABC
Autores
- GUILHERME DAHER GONCALVES MONTEIRO DOS REIS (Interesse Comercial: NÃO)
- GABRIEL CASTILHO SANDOVAL BARBOSA (Interesse Comercial: NÃO)
- JULIO ZAKI ABUCHAM NETO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
TOXICIDADE MACULAR INDUZIDA PELO USO DE RITONAVIR EM PACIENTE HIV POSITIVO
Objetivo
Descrever as lesões retinianas causadas por intoxicação medicamentosa em olhos de pacientes em uso crônico de ritonavir.
Relato do Caso
Paciente feminina, 51 anos, HIV+ em uso de Ritonavir 100mg, Atazanavir 300mg, Tenofovir + Lamivudina 300mg há 25 anos. Apresentou queixa de baixa visual crônica e progressiva em ambos os olhos há um ano. Ao exame oftalmológico sua acuidade visual era de conta dedos a 1 metro e 20/100 parcial. A biomicroscopia apresentava-se normal e à fundoscopia foi notada mácula com aspecto de metal batido em ambos os olhos. Realizado OCT que demonstrou atrofia do EPR e fotoreceptores em OD e uma disrupção da zona elipsóide parafoveolar de OE . AngiofluoresceInografia com defeito em janela na região macular mais importante em OD.
Conclusão
O Ritonavir é uma das drogas de primeira escolha no tratamento do HIV devido à sua característica de potencializar a ação do outro inibidor de protease e assim diminuir a dose necessária e os seus efeitos colaterais, aumentando a aderência ao tratamento. Porém, em alguns casos, esse medicamento pode levar à apoptose dos fotoreceptores pela diminuição da atividade das mitocôndrias, e consequente perda visual, conforme descrito por Tricarico P.M. e col. num estudo demonstrando a lesão de células neuronais pelo ritonavir. O defeito retiniano é caracterizado por uma epiteliopatia pigmentar na região macular, bilateralmente, conforme descrito por Emmett T. Cunningham e col. numa série de casos com pacientes semelhantes ao nosso. Esses casos demonstram a importância de se fazer um screening retiniano em todo paciente usuário crônico de ritonavir e, se demonstrada qualquer alteração no seu curso, proceder com a suspensão imediata da medicação em conjunto com a infectologia.