Código
RC015
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Autores
- LUCIANA LOPES ROCHA (Interesse Comercial: NÃO)
- FERNANDA MACHADO BEZERRA (Interesse Comercial: NÃO)
- DENISE DE FREITAS (Interesse Comercial: NÃO)
Título
PRIMEIRO CASO DE ENDOFTALMITE POR ACANTHAMOEBA NO BRASIL EM PACIENTE USUARIA DE LENTE DE CONTATO
Objetivo
Relatar o primeiro caso de endoftalmite por Acanthamoeba no Brasil.
Relato do Caso
Paciente do sexo feminino, 44 anos, usuária de lente de contato rígida e com história de LASIK há 15 anos. Procurou atendimento em setembro de 2016, com hiperemia e dor em olho direito (OD) há 4 meses. Referia tratamento para ceratite herpética, bacteriana e fúngica. A acuidade visual (AV) era de percepção de luz no OD e 20/20 no esquerdo. Biomicroscopia do OD revelou hiperemia conjuntival intensa, córnea com infiltrado estromal em anel e 4mm de hipópio. O raspado corneano para análise de esfregaço e cultura em vários meios não identificou o agente etiológico. Optou-se por realizar microscopia confocal e amputação do flap de LASIK no qual, novamente, realizou-se cultura e esfregaço. Ambos confirmaram a presença de cistos de Acanthamoeba. Foi iniciado tratamento tópico com polihexametilbiguanida 0,04% e isethionato de propamidine de 1/1hora e prednisona via oral. Após 60 dias de tratamento, paciente apresentava piora da lesão corneana realizando-se transplante terapêutico combinado a facectomia. A paciente evoluiu assintomática e com melhora da AV (OD 20/200) até o terceiro mês de pós-operatório, quando iniciou dor e hiperemia oculares, além de hipópio, reação de câmara anterior e vítrea. Fez-se a hipóstese diagnóstica de endoftalmite e procedeu-se a vitrectomia via pars plana, com coleta de material e injeção de ceftazidime e vancomicina. Cultura do vítreo revelou Acanthamoeba sp. Atualmente, paciente encontra-se em tratamento com injeções seriadas de voriconazol intravítreo e subconjuntival.
Conclusão
A ceratite por Acanthamoeba pode ser uma infecção devastadora devido ao atraso diagnóstico, tratamento inapropriado, tendência à recorrência e escassez de fármacos eficazes. A evolução para endoftalmite é extremamente rara. Dos três casos relatados na literatura, apenas um teve evolução favorável com uso de voriconazol oral e intravítreo, os outros evoluíram para evisceração. A disseminação pode ser facilitada pela cirurgia combinada de transplante de córnea e facectomia.