Código
RC022
Área Técnica
Doenças Sistêmicas
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Oftalmológico de Sorocaba
Autores
- LARISSA BORGES FERREIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- Vivian Cristina Afonso (Interesse Comercial: NÃO)
- Adriana dos Santos Forseto (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ESCLERITE INFECCIOSA PRESUMIDA: RELATO DE CASO
Objetivo
Descrever caso de esclerite infecciosa presumida, suas sequelas e a importância da prevenção.
Relato do Caso
Paciente feminina, 72 anos, com baixa acuidade visual (AV), hiperemia, dor à movimentação ocular em olho esquerdo (OE) há 20 dias. Antecedente de exérese de pterígio há 3 anos, com uso de colírio manipulado após. Sua AV corrigida era de 20/40 em olho direito (OD) e conta dedos a 2 metros em OE. A biomicroscopia OE observava-se hiperemia difusa, afinamento escleral nasal com microabcessos e placa calcificada, reação de câmara anterior 2+, sinéquias posteriores 360° e catarata. Fundoscopia normal em OD e impossível em OE. Levantada hipótese de esclerite infecciosa, foi coletado raspado escleral para investigação laboratorial com remoção da placa, solicitada investigação laboratorial sistêmica e iniciado tratamento tópico com colírios fortificados de cefalotina (50mg/ml) e amicacina (20mg/ml) de 1/1h. Como o US evidenciou comprometimento posterior, optou-se pela associação de prednisolona 60mg/d e antibiótico sistêmico no 6º dia do tratamento tópico. Houve melhora do quadro nasal, porém aparecimento de nódulo escleral temporal no 12º dia. Paciente evoluiu com resolução do processo após 30 dias, mas com afinamento escleral 360º poupando limbo. Resultado de cultura foi negativo assim como a investigação laboratorial sistêmica.
Conclusão
Apesar de rara, a esclerite infeciosa é frequentemente confundida e tratada como autoimune, o que tende a piorar o prognóstico. Fatores de risco (FR) para seu aparecimento incluem, entre outros: cirurgia prévia (principalmente pterígio), uso concomitante de radiação e mitomicina C, e imunodeficência sistêmica. A causa infecciosa deve ser sempre suspeitada, frente a estes FR em pacientes que se apresentem com quadros de esclerites necrosantes, e presumida, mesmo com resultado de cultura negativa. Cauterização excessiva, uso de terapias adjuvantes e técnica de esclera nua em exérese de pterígio parecem estar relacionadas a pior processo cicatricial e favorecimento a infecções, devendo ser evitados sempre que possível.