Sessão de Relato de Caso


Código

RC211

Área Técnica

Uveites / AIDS

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Hospital Geral de Juiz de Fora (Hospital Militar)
  • Secundaria: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Autores

  • MARTA HALFELD FERRARI ALVES LACORDIA (Interesse Comercial: NÃO)
  • MARCIA GOTELIP DELGADO (Interesse Comercial: NÃO)
  • LUCAS XAVIER DE MATOS (Interesse Comercial: NÃO)

Título

DOENÇA DE BEHÇET: DIAGNOSTICO SINALIZADO PELA MANIFESTAÇAO INFLAMATORIA OCULAR

Objetivo

Relatar 3 casos onde a manifestação oftalmológica guiou o diagnóstico da doença de Behçet, uma vasculite generalizada com apresentação clínica bastante heterogênea, onde muitas vezes o oftalmologista é o primeiro médico a ser procurado, devido a baixa da acuidade visual (BAV) causada pela inflamação ocular.

Relato do Caso

1)MAP, 45 anos, feminino, BAV em OE há 15 dias. Dores em quadris e joelhos há 2 anos. Exame de olho esquerdo OE: AV CC 20/150; RCA 3+/4, hipópio 1+/4+, vitréite 1+/4, Pressão Intraocular (PIO) normal, fundo de olho (FO): sem papilite ou vasculite. Olho direito (OD) normal. História prévia (HP) de “feridas na boca e genitália”. Sorologias infecciosas negativas. 2)JAP, 22 anos, masculino, BAV em OE há 3 meses. Exame OE: AV conta dedos à 1 metro; RCA 4+/4, PIO normal, vitreíte 3+/4, snowballs; FO: vasculite arcada nasal inferior e área de retinite. HP: Emagrecimento recente, aftas na boca e genitália. Antebraço direito com extensa reação cutânea pós mordida de cachorro, traduzida como hipersensibilidade. Sorologias infecciosas negativas. 3) JCS, 32 anos, masculino, BAV em OD (20/40). Exame OD: RCA 2+/4, PIO normal, FO: retinite temporal superior que cedeu espontaneamente em 2 semanas. HP: úlceras na boca e genitália há 2 anos, com períodos de remissão e atividade, e 2 episódios de trombose venosa profunda em membro inferior direito. Sorologias infecciosas negativas.

Conclusão

A doença de Behçet é uma doença inflamatória multissistêmica. Não há um método específico fechar o diagnóstico e o quadro clínico o sugere só quando há a síndrome clássica: ulceras orais recorrentes, ulceras genitais, lesões cutâneas e inflamação ocular. As dificuldades surgem porque as manifestações ocorrem separadas por longos períodos de tempo e podem regredir espontaneamente. O acometimento ocular é freqüente (83-95% em homens e 67-73% em mulheres) e pode causar alterações no segmento anterior e posterior, sendo o último mais relacionado com a perda visual. Cabe ao oftalmologista pensar no seu diagnóstico precocemente, a fim de preservar a visão.

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