Código: RC172
Área Técnica: Retina
RETINOPATIA ESCLOPETARIA: RELATO DE CASO
A retinopatia esclopetária é uma manifestação rara de trauma ocular, geralmente caracterizada por uma lesão associada a trauma por projétil de arma de fogo onde a órbita é atingida, mas sem penetração no globo [1]. O primeiro caso foi descrito por Goldzeiher [2], que usou o termo esclopetária para descrever a aparência da coróide e retina adjacente. Cursa com lesão coriorretiniana de espessura total associada a perda significativa da acuidade visual. Esse trabalho tem como objetivo relatar um caso de retinopatia esclopetária após trauma por projétil de arma de fogo com perda considerável da acuidade visual, a conduta adotada e evolução do paciente.
W.S.M, 27 anos, foi admitido referindo trauma em OE por arma de fogo com projétil de chumbo há 07 dias. Apresentava exame neurológico normal, dor ocular, AV do OE MM e OD 20/20, pupila reagente, reflexo fotomotor direto e consensual preservado. À biomicroscopia anterior visualizou-se córnea íntegra, câmara anterior ampla, sem reação de câmara anterior, fácico com cristalino sem opacidades. O mapeamento de retina demonstrou hemorragia vítrea 4+/4+. A USG de globo ocular revelou opacidades vítreas grosseiras, sugestivas de processo inflamatório/hemorrágico. Retina: aplicada. Foi proposto tratamento com vitrectomia, endofotocoagulação a laser e implante de óleo de silicone, realizado em 01/03/16. Ao intraoperatório, após retirada da hemorragia, visualizou-se lesão característica de dissipação de calor por projétil de arma de fogo, conhecida como Retinopatia Esclopetária. No primeiro dia de pós-operatório o paciente referiu discreta melhora da AV. Após 30 dias de pós-operatório, apresentava estabilização, com AV de conta dedos a 1 metro no OE.
A incidência da Retinopatia Esclopetária tem se elevado devido a um aumento da violência em todo o mundo e o tratamento adequado é um desafio na prática oftalmológica. O caso relatado teve boa evolução com preservação da anatomia ocular. O paciente segue em acompanhamento, ciente de que apresentará sequelas devido à condição grave em que foi admitido.