Código: RC200
Área Técnica: Uveites / AIDS
SINDROME DE VOGT-KOYANAGI HARADA: APRESENTAÇAO AGUDA E EVOLUÇAO
Expor um caso de Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada, com ênfase do manejo da fase uveítica aguda.
Mulher de 33 anos, parda, procura atendimento em 09/2015 com queixa de baixa acuidade visual (AV) bilateral, indolor, com início há quatro dias e progressão, associada à cefaleia. Negou traumas ou cirurgias oculares. Ao exame detectou-se AV 0,15 em olho direito (OD) e 0,4 em olho esquerdo (OE), reflexos pupilares, motilidade ocular, tonometria e biomicroscopia de segmento anterior normais. À fundoscopia, observou-se bilateral e assimetricamente, hiperemia sem edema de disco, dobras de coróide e descolamento de retina (DR) exsudativo extenso. No exame sistêmico apresentava rigidez de nuca. OCT registrou DR e espessamento de coróide na técnica Enhaced Depth Imaging. Punção liquórica com pleocitose (645 células) com predomínio linfocítico. Triagens infeciosa e inflamatórias normais. Descartado doença de Behçet, sarcoidose, vasculite, LES ou espondiloartropatias pela reumatologia. A partir do diagnóstico sindrômico de uveíte posterior bilateral com sinal de meningismo, DR seroso e exclusão de causas reumatológicas e infecciosas, aventou-se a hipótese diagnóstica de Sd. de Vogt-Koyanagi-Harada (VKH) (doença incompleta, em fase uveítica aguda). Optou-se por pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia. No quarto dia foi aferida AV 1,0 em ambos os olhos com melhora parcial do DR. Reumatologia inicia imunossupressão com azatioprina, porém paciente desenvolve hepatite medicamentosa, tornando necessária troca para metotrexato. Em reavaliação em 02/2016 relatou persistência de cefaléia, negou alterações dermatológicas e auditivas, apresentou AV 0,8 em OD e 1,0 em OE, rarefação discreta de epitélio pigmentado da retina em OD e ausência de sinais inflamatórios intraoculares. Segue em tratamento com metotrexato e prednisona 20mg/dia.
A fase uveítica aguda do VKH exige terapêutica precoce sendo relevante a exclusão dos diagnósticos diferenciais. A abordagem multiprofissional é necessária por seu comprometimento sistêmico e efeitos adversos das medicações.