Código: P39
Área Técnica: Epidemiologia
PERFIL EPIDEMIOLOGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA DE ESTRABISMO NO HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMAO NO BIENIO 2014-2015, TEMPO DE ESPERA PARA CIRURGIA E TAXAS DE REOPERAÇAO
Traçar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de estrabismo no Hospital Infantil Joana De Gusmão (HIJG) nos anos 2014 e 2015, estimar o tempo de espera para cirurgia e taxas de reoperação.
Estudo transversal, descritivo e retrospectivo realizado com crianças operadas por estrabismo no HIJG no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2015. Foram coletados dos prontuários dados referentes a sexo, idade, procedência, tipo de desvio, ato cirúrgico, datas da indicação cirúrgica e da cirurgia e existência de cirurgia prévia, seguido de análise estatística descritiva.
Foram realizadas 127 correções de estrabismo no HIJG nos anos 2014 e 2015, em 122 crianças. Excluídos 2 por falta de dados, e 3 por cirurgia prévia externa, totalizam 117 pacientes e 122 cirurgias. Destas, 22 (18%) eram reoperações, sendo 5 no mesmo período, e 17 com cirurgia primária em anos anteriores. A idade média dos pacientes foi de 8 anos, sendo 49.6% do sexo masculino e 50.4% do feminino, todos procedentes de Santa Catarina, sendo 31.6% da mesorregião da grande Florianópolis, 29.9% do vale do Itajaí, 18% do sul, 12% do oeste, 6% da serra e 2.5% do norte. Os desvios mais prevalentes foram: esotropia (ET) (41.8%) e exotropia (XT) (17.2%), havendo coexistência de disfunção de oblíquos com ET em 12.3% e com XT em 5.7%, e disfunção isolada em 9,8%. As cirurgias mais realizadas foram: duplo recuo de retos mediais (DRRM) (32.8%), seguido de DRRM com anteriorização de oblíquos inferiores (10.7%) e recuo-ressecção (9%). O tempo de espera médio para cirurgia foi de 552.7 dias (exclusos 35 casos cuja cirurgia foi adiantada para possibilitar desenvolvimento de estereopsia), sendo que 33.3% aguardaram entre 1.5-2 anos, 26.4% <1 ano, e 18.4% entre 2-2.5 anos.
O perfil epidemiológico do HIJG é semelhante ao encontrado na literatura e a taxa de reoperação está dentro do esperado. Porém, sendo condição estigmatizante e causa de ambliopia, a espera longa para cirurgia e a idade tardia de correção são inadequados e refletem os problemas do sistema público de saúde.