Sessão de Encontro com o Autor – Tema Livre


Código: P90

Área Técnica: Trauma

INSTITUIÇÃO ONDE FOI REALIZADO O TRABALHO

  • Principal: Hospital de Olhos de Cascavel

AUTORES

  • PAULA DANIELLY WILHELM (Interesse Comercial:NÃO)

Título

TEMPO PARA TRATAMENTO DE CORPOS ESTRANHOS

Objetivo

A retirada de corpos estranhos da superfície ocular é um procedimento comum no exercício da oftalmologia, no entanto, é motivo de preocupação quando médicos generalistas se deparam com esta situação, os leva a solicitarem tratamento emergencial especializado nestes casos, muitas vezes em horário extra-comercial. O objetivo deste trabalho é determinar se os maiores fatores de receio apontado pelos colegas (risco de infecção e incômodo sentido pelo paciente) é pertinente.

Método

Foram examinas 102 pacientes consecutivos, atendidos no Hospital de Olhos de Cascavel, no ano de 2014. Diversas variáveis foram analisadas, incluindo se o paciente foi encaminhado ou realizou procura espontânea, o local de instalação do corpo estranho, sua provável causa (eg, acidente de trabalho), o tempo decorrido entre o início dos sintomas e a procura pelo atendimento e se havia infecção associada.

Resultado

Todos os pacientes realizaram procura espontânea, num período pós-instalação de 3 horas a 7 dias (média 2,56 dias) e 18,62% deles tinham infecção coreana instalada. As infeções estavam instaladas nos pacientes que procuraram mais posteriormente (3,53 dias contra 2,34 dias nos não infectados; p<0,01). No entanto, mesmo nos pacientes com uma semana de corpo estranho, nenhum teve endoftalmite ou úlcera de difícil tratamento (apenas 1 dos 19 pacientes considerados infectados foram solicitados a retornar com o médico oftalmologista).

Conclusão

O corpo estranho causa desconforto, porém a média de tolerância do paciente antes de procurar atendimento foi de 2,56 dias (o tratamento era sempre imediato). Apenas 1% dos pacientes tiveram úlcera de tratamento complexo e nenhum teve endoftalmite. Assim, podemos concluir que o corpo estranho da superfície ocular deve sim ser tratado assim que possível, no entanto, em locais onde um médico oftalmologista não está prontamente disponível ou quando o deslocamento do paciente for difícil (eg, cidade sem ambulância), os dados não sustentam que possa haver risco adicional ao pedir avaliação no dia seguinte.


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