Código: RC066
Área Técnica: Neuroftalmologia
HEMIANOPSIA HOMONIMA ESQUERDA COM QUADRANTOPSIA HOMONIMA SUPERIOR DIREITA - UM RARO ACOMETIMENTO DE PERDA VISUAL
Mostrar um caso raro de acometimento de via visual, usando um raciocínio capaz de localizar a topografia da lesão na via óptica, diminuindo custos, tempo e exames complementares necessários para realização do diagnóstico
RCR, 55 anos, feminina, HAS, queixa de perda visual súbita de “quase toda visão” AO, iniciada há 20 dias, enquanto andava na rua. Apresenta AV de 20/20 AO, redução do campo visual ao exame de confrontação; olhos calmos, córneas transparentes e RFM preservado à biomicroscopia. PIO e FO sem alterações. Realizado CVC, que mostrou perda visual importante AO, poupando apenas o quadrante temporal inferior OD, o quadrante nasal inferior OE e a visão central, com perda completa dos demais quadrantes. Solicitada RNM de crânio, que mostrou áreas de sequela de evento vascular isquêmico superior e inferior ao sulco calcarino no córtex direito, gerando hemianopsia homônima esquerda, e inferior ao sulco no córtex esquerdo, gerando quadrantopsia superior homônima direita. Como o acometimento foi somente na porção anterior do córtex occipital, a visão central, localizada na porção mais posterior, foi poupada. Paciente encaminhado para Neurologia, diagnosticada trombose em A. cerebral posterior
Cada lesão na via visual gera alterações e sinais distintos, cabe ao oftalmologista localizar a sua topografia com seu exame. Lesões pré-quiasmáticas cursam com cegueira ipsilateral e achados na biomicroscopia e FO. Lesões quiasmáticas apresentam hemianopsia heterônima bitemporal característica e achados sistêmicos do acometimento hipofisário. Nas retro-quiasmáticas vemos a perda visual: lesão no trato óptico gera hemianopsia homônima, quadrantopsias indicam acometimento das radiações ópticas; lesões corticais podem gerar ambos dependendo se ultrapassam ou não o sulco calcarino (acima desse estão as fibras da retina superior, e abaixo as da inferior). O RFM estará ausente nas lesões anteriores ao núcleo do CGL e presente nas posteriores. Seguindo esse raciocínio, conseguimos diagnosticar a topografia da maioria das lesões facilmente