Código: P16
Área Técnica: Córnea
PERFIL EPIDEMIOLOGICO DO TRANSPLANTE DE CORNEA POR CERATOCONE NO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 20 ANOS
Avaliar as características dos pacientes submetidos a transplante de córnea por ceratocone e comparar com os dados da literatura mundial.
Estudo longitudinal retrospectivo que avaliou os prontuários médicos de todos os pacientes realizaram ceratoplastia por ceratocone entre agosto de 1995 e setembro de 2015 em dois hospitais terciários de Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Hospital de Clínicas e Banco de Olhos). Os dados foram comparados aos estudos da base de dados Medline e EMBASE.
Um total de 4026 pacientes (4476 olhos) foram submetidos a transplante de córnea nos dois centros referidos durante o período avaliado. Desses, 1284 (1530 olhos) receberam o diagnóstico pré-operatório de ceratocone (31,8%). Um total de 840 homens foram submetidos à ceratoplastia por ceratocone (65,4%), com média de idade de 30,3 anos (±12,2). A média de idade no período do procedimento entre as mulheres foi de 34,5 (±14,8). Ambas as diferenças foram estatisticamente significativas (P<0,01). Transplantes bilaterais foram realizados em 162 homens (19,3%) e em 84 mulheres (18,8%). Essa diferença não foi estatisticamente significativas. Pacientes da cor branca foram a maioria, correspondendo a 80,9%, pardos 10,7%, negros 8,3% e asiáticos/indígenas 0,1%. Os transplantes penetrantes (PK) foram realizados em 81,8% dos casos, já a ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK) foi observada no restante dos casos (18,2%). Pelo menos um episódio de rejeição foi observado em dos 23,4% dos pacientes. Contudo, falência secundária à rejeição foi observada em 30,3% casos de rejeição ou 7,3% do total. Não houve diferença estatística entre os sexos em relação à rejeição (P=0,70) e falência (P=0,30)
O ceratocone é a doença da córnea mais transplantada no Rio Grande do Sul e no mundo. Precisamos admitir que os homens apresentam a forma mais grave da doença, necessitando de transplante mais precocemente e na proporção de praticamente 2:1 em relação às mulheres. É fundamental ampliar a investigação hormonal e genética para elucidar as verdadeiras causa dessa doença.