Código: RC083
Área Técnica: Oftalmopediatria
PACIENTE PORTADOR DE MEGALOCORNEA COM SUSPEITA DE GLAUCOMA CONGENITO
Relatar um caso de paciente com suspeita de glaucoma congênito por quadro de buftalmia aos 2 meses de vida.
G. C. M. sexo masculino, com 2 meses e 19 dias, encaminhado para avaliação por suspeita de glaucoma congênito por quadro de buftalmia. Gestação sem intercorrência. Sem comorbidades sistêmicas. Sem epífora, sem fotofobia. Biomicroscopia de ambos os olhos (AO) evidenciando córnea transparente, sem edema, sem estrias de Haab, cristalino transparente, pupila regular, câmara anterior profunda, íris com aspecto normal, sem alterações à retroiluminação, notando-se persistência de resquícios de membrana pupilar. Diâmetro corneano horizontal (DCH) de 15mm e pressão intra-ocular (PIO) de 14mmhg em AO. Gonioscopia de AO com inserção plana da íris, observado até esporão escleral com hiperpigmentação das estruturas do ângulo. Biometria ultrassônica evidenciando diâmetro ântero-posterior (DAP) de olho direito (OD) de 20,67 mm e de olho esquerdo (OE) de 20,51 mm. Fundoscopia de AO demonstrando escavação 0.3, sem alterações retinianas. Paciente manteve acompanhamento por dois anos avaliando DCH, possíveis alterações de cristalino, íris e córnea (inclusive espessura e curvatura corneanas), PIO, DAP e relação entre disco óptico e escavação. Nesse período apenas o DAP apresentou evolução atingindo 24,92 mm em OD e 24,70mm em OE.
O diagnóstico diferencial entre megalocórnea e glaucoma congênito é de suma importância por se tratar da diferenciação entre uma doença inicialmente inócua contra uma de grande potencial para cegueira irreversível. Cabe ressaltar que apesar da pressão intraocular elevada apresentar um elevado valor preditivo positivo para glaucoma congênito valores normais não são capazes de excluir tal patologia, devendo ser avaliados outros achados do exames. Tais crianças devem ter seguimento contínuo e periódico.