NEUROPATIA OPTICA ISQUEMICA ANTERIOR NAO ARTERITICA BILATERAL APOS DIALISE PERITONEAL: UM RELATO DE CASO
Relatar um caso de NOIA-NA bilateral após diálise peritoneal e destacar a importância de diferenciar o papiledema de outras condições.
Paciente, sexo feminino, comparece urgência oftalmológica do Hospital São Geraldo em maio de 2019 informando redução da acuidade visual, pior à direita após sessão de diálise peritoneal. Negava outros sintomas. Paciente trouxe exame de OCT solicitado por oftalmologista assistente que apresentava edema de disco bilateral sem deflexão do complexo EPR-Bruch e atrofia macular em ambos os olhos. Paciente apresentava lúpus eritematoso sistêmico, hipertensão e doença renal crônica, com necessidade de dialise peritoneal desde 2008. História oftalmológica pregressa: ceratopatia bolhosa após cirurgia de catarata em ambos os olhos, além de maculopatia induzida por hidroxicloroquina diagnosticada em 2015. Ao exame, acuidade visual de movimento de mãos (olho direito) e conta dedos a 1m (olho esquerdo), ceratopatia bolhosa à biomicroscopia e edema de disco óptico bilateral. Paciente foi encaminhada ao pronto atendimento de neurologia, onde foi realizada ressonância magnética de crânio que não evidenciou alterações e uma punção lombar em que a pressão de abertura foi de 30cmH20, paciente recebeu alta com prescrição de acetazolamida. Um mês depois, no ambulatório de neurooftalmologia, foi sugerido o diagnóstico de NOIA-NA bilateral após diálise peritoneal, com base na análise detalhada do quadro clínico e histórico da paciente.
Pacientes em diálise são geralmente propensos a eventos hipotensivos, o que os coloca em risco de desenvolver NOIA. Além disso, podem ter outros fatores patológicos coexistentes como aterosclerose e anemia que aumentam essa predisposição. A história clínica de redução da acuidade visual após diálise e a ausência de alterações do OCT e sintomas compatíveis com papiledema da paciente em questão corroboram para o diagnóstico de NOIA-NA bilateral. O papiledema deve ser diferenciado de outras entidades que podem mimetizá-lo.
Neuroftalmologia
Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
MARIANA PEREIRA TSUKUDA, MARIA LUISA DE OLIVEIRA HIGINO, ARTHUR BUNTE DE CARVALHO MAGNANI
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Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP