RETINOPATIA FALCIFORME: DIAGNOSTICO DIFERENCIAL EM BAIXA ACUIDADE VISUAL SUBITA – RELATO DE CASO
A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia responsável pela alteração da forma das hemácias devido mutação no gene de globina no cromossomo 11 com formação da Hemoglobina S (HbS), que resulta em heterozigose (traço falcêmico) ou homozigose (doença falciforme). A presença da HbS, é responsável pela falcização predispondo a obstrução vascular. A vaso-oclusão que pode ocorrer na vasculatura ocular pode acarretar em baixa acuidade visual (BAV), dependendo do local afetado. A retinopatia falciforme (RF) é uma manifestação ocular decorrente da patologia falciforme em que há dilatação e aumento da tortuosidade vascular.
Paciente, 33 anos, admitido no Pronto Socorro Oftalmológico, com BAV de início súbito em olho esquerdo sem outros sintomas associados. Sem comorbidades. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual sem correção de olho direito (OD) 20/20 e olho esquerdo (OE) 20/70. A biomicroscopia não demonstrava alterações. À fundoscopia de OD, foi evidenciado disco optico delimitado e corado, mácula sem alterações e hemorragias salmon-patches; OE encontrava-se com disco optico delimitado e corado, aumento da tortuosidade vascular, hemorragias salmon-patches, lesões hiperpigmentadas black sunburst e presença de neovasos. À angiofluoresceína de OD não foi encontrado anormalidades, e em OE foi detectado neovascularização padrão sea fan. Diante do quadro e para evitar possíveis complicações foi realizado tratamento com fotocoagulação a laser em ambos os olhos. Sendo assim, o paciente foi encaminhado à Hematologia, sendo confirmado o diagnóstico de AF e mantém acompanhamento no serviço de Oftalmologia.
A RF é uma doença vascular retiniana ocasionada pela AF que envolve hemorragias retinianas, aumento de tortuosidade vascular, lesões hiperpigmentadas chamadas de black sunburst e, em casos mais avançados, formação de neovasos chamados de sea fan. O diagnóstico e tratamento precoce é importante para preservar a acuidade visual e evitar possíveis complicações como oclusões e descolamento tracional de retina.
Retina
Faculdade de Medicina do Trabalho do Triângulo Mineiro (UFTM) - Minas Gerais - Brasil
DANYELLE DIAS CARDOSO, VITOR RODRIGUES DUTRA, GILNYANNE SILVA MEDEIROS
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Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP