TRANSFORMAÇAO MALIGNA DE TUMOR MIOFIBROBLASTICO INFLAMATORIO CONJUNTIVAL EM SARCOMA DE BAIXO GRAU: UM RELATO DE CASO
Relatar o caso de paciente jovem com tumor atípico de conjuntiva em olho direito (OD), diagnosticado como tumor miofibroblástico inflamatório, que evoluiu com transformação maligna para sarcoma de baixo grau.
Homem, 23 anos, buscou serviço de oftalmologia em janeiro de 2020, devido à presença de tumoração conjuntival em OD, de crescimento progressivo há 6 meses. Refere há 6 anos ressecção de lesão similar em OD, com diagnóstico posterior de neurofibroma. Ao exame oftalmológico acuidade visual 20/50 em OD e 20/20 em olho esquerdo (OE). À biomicroscopia de OD presença de lesão avermelhada, sobrelevada, vascularizada, próxima à carúncula estendendo-se inferiormente. À biomicroscopia ultrassônica (UBM) presença de lesão conjuntival não infiltrativa e afinamento corneano perilesional, sem acometimento intraocular. A tomografia computadorizada de órbitas evidenciou lesão nasal estendendo-se até a inserção do reto medial. Realizada a exérese lesional com crioterapia e posterior análise anátomo-patológica e imuno-histoquímica com resultado de tumor miofibroblástico inflamatório (Caldesmon positivo). Após 04 meses, houve recidiva na mesma localização, sendo novamente submetido à exérese e crioterapia. Dessa vez com resultado de sarcoma de baixo grau de malignidade de padrão fusocelular, associado a células inflamatórias. O paciente foi encaminhado para radioterapia adjuvante. Após quatro meses, observou-se o crescimento de nova nodulação de aspecto endurecido na pálpebra inferior direita. Exames de imagem confirmaram recorrência. Devido ao difícil controle, o paciente foi submetido à exenteração. Durante o seguimento de 2 anos, o paciente não apresentou novas recidivas ou sinais de metástases.
Trata-se de um tumor raro de conjuntiva, com apenas quatro casos reportados na literatura. O quadro clínico é inespecífico e o diagnóstico é feito através de anátomo-patológico e imuno-histoquímica. Recorrência local ou comportamento agressivo está relacionado com a ressecção incompleta da massa. A excisão cirúrgica é curativa na maioria dos casos.
Oncologia
Faculdade de Medicina da Fundação Universidade do ABC - São Paulo - Brasil
Ana Beatriz Silva Mafaldo, Jaqueline Azevedo Leão, Priscilla Ballalai
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP