OCLUSAO DE VEIA CENTRAL DA RETINA ASSOCIADA A CERATOUVEITE EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN
Relatar um caso raro de oclusão de veia central da retina (OVCR) e ceratouveíte em paciente com doença de Crohn (DC).
Paciente do sexo masculino, 31 anos, foi internado pelo serviço de Gastroenterologia por descompensação intestinal da DC, referindo embaçamento visual e hiperemia conjuntival em ambos os olhos (AO) recorrente há 2 anos, com piora significativa da acuidade visual (AV) em olho direito (OD) há 6 meses. Referiu diabetes mellitus tipo I, mal controlado, tabagismo e etilismo. Ao exame, a AV era de conta dedos a 2 metros em OD e 20/50 em olho esquerdo (OE) e os reflexos pupilares e a pressão intraocular eram normais. À biomicroscopia de segmento anterior de OD apresentava hiperemia conjuntival 1+/4, neovascularização corneana inferior, precipitados ceráticos (PKs) finos, ceratopatia em faixa e reação de câmara anterior (RCA) de 0,5+. Em OE, apresentava ceratite difusa com ulceração de periferia inferior (PUK), PKs finos e RCA 0,5+. À fundoscopia de OD, o disco óptico era borrado, com ingurgitamento venoso difuso e múltiplas hemorragias retinianas em chama de vela e ponto borrão nos quatro quadrantes e peripapilares, com edema macular associado (Figura 1). A avaliação do fundo de olho do OE era normal. Foi indicado o uso de colírio lubrificante sem conservantes de 1/1h AO, colírio de prednisolona 1mg/ml 5x/dia AO, 3 aplicações de anti-VEGF em OD e imunossupressão sistêmica com Azatioprina 2,5mg/kg, reforçando a necessidade do controle do DM e suspensão de tabagismo e etilismo.
As principais manifestações das doenças inflamatórias intestinais (DII) ocorrem no trato gastrointestinal, mas muitos pacientes podem apresentar lesões extraintestinais. As manifestações oculares são descritas em no máximo 13% dos casos, especialmente como episclerite, esclerite e uveíte. A OVCR e a PUK são apresentações ainda mais raras, mas potencialmente graves à visão. Esse relato ressalta a importância da avaliação oftalmológica nas DII e do controle de comorbidades sistêmicas associadas.
Doenças Sistêmicas
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Espírito Santo - Brasil
MONISE CASAGRANDE ARAGÃO, DEBORA RUPF, LUIZ GUILHERME MARCHESI MELLO
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Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP