TUMOR FIBROSO SOLITARIO PALPEBRAL: UM RELATO DE CASO
A apresentação do tumor fibroso solitário (TFS) é incomum. Na região da pálpebra e órbita torna-se ainda mais raro. O objetivo deste trabalho é descrever esta forma de apresentação atípica, para que o TFS faça parte das hipóteses diagnósticas de lesões palpebrais.
Paciente do sexo masculino, 24 anos, encaminhado ao setor da Órbita da Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo, devido a tumoração em pálpebra superior esquerda há 3 meses, com crescimento indolor e progressivo. Associado ao quadro, relatava episódios febris (39oC) e astenia. Negava comorbidades e outros sintomas. Ao exame oftalmológico, notava-se massa em região palpebral esquerda, de consistência fibroelástica, endurecida, medindo cerca de 6cm (Imagem 1.1). Paciente apresentava restrição à elevação e abdução do olho esquerdo, sem outras alterações à biomicroscopia e fundoscopia. Solicitou-se tomografia de órbitas, que evidenciou lesão expansiva e bem delimitada na região palpebral e órbita anterior (Imagem 1.2). Diante dos exames, optou-se por realizar orbitotomia superior por via transconjuntival. A lesão removida (Imagem 2.1) foi encaminhada para estudo anatomopatológico, sendo indentificado tumor fibroso solitário de apresentação orbitária, com positividade para CD34. Sendo assim, além do seguimento com equipe da órbita, o paciente foi referenciado ao setor da oncologia, onde iniciou quimioterapia adjuvante (Carboplatina + Paclitaxel) e evoluiu com melhora da lesão (imagem 2.2).
O diagnóstico de TFS é confirmado por análise imuno-histoquímica, com a identificação da proteína STAT6; as tumorais são imunorreativas para CD34, CD 99 e BCL-2. Na órbita, TFS geralmente segue um curso mais indolente e é curado por excisão completa. Caso seja parcialmente retirado, há uma elevada taxa de recorrência, que se associa a um potencial para transformação maligna. A análise histopatológica tem tanto valor prognóstico quanto diagnóstico. Em conclusão, o TFS deve ser incluído no diagnóstico diferencial de tumores palpebrais e orbitários.
Órbita
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
ROBERTO MATHIAS MACHADO, ANA AUREA VILAS BOAS POMBO HILARIÃO, ALINE PIMENTEL DE MIRANDA
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP