SINDROME OCULAR ISQUEMICA ASSOCIADA A QUIMIOTERAPIA E SEPSIS
Descrever caso de necrose do segmento anterior de olho em paciente em vigência de quimioterapia para câncer metastático, que evoluiu com sepsis, trombose em membro inferior, e múltiplas embolias sépticas.
Homem, 50 anos, com penectomia parcial devido a câncer escamoso de pênis, em tratamento para metástase linfonodal com quimioterápicos Cisplatina, Ifosfamida e Paclitaxel, após terceiro ciclo de quimioterapia interna em hospital devido a neutropenia febril e sepse. Apresentava abscesso inguinal esquerdo supurado, crescimento de MRSA em hemocultura, em vigência de Vancomicina. Solicitado parecer à oftalmologia devido à baixa visão OD e olho vermelho percebidos desde a internação há 7 dias. Nega outras comorbidades ou afecções oculares prévias. Acuidade visual: percepção luminosa em OD e 20/20 em OE. Biomicroscopia OD: ectasia vascular difusa, abaulamento e afinamento escleral de região peri-limbar supero-temporal, córnea com epitélio íntegro e edema difuso, presença de conteúdo amarelo-amarronzado em CA aderido à endotélio. OE: sem alterações relevantes. Tonometria: zero em OD e 11 mmHg em OE. Realizado USG que descartou acometimento de segmento posterior e/ou endoftalmite. Durante internação paciente evolui com trombose em membro inferior esquerdo, endocardite e embolia séptica de artéria pulmonar. Diagnóstico presumido de isquemia e necrose de segmento anterior de OD devido a trombose de artérias que irrigam íris e corpo ciliar. Foi programado evisceração quando houvesse estabilidade clínica, porém paciente evolui com tromboembolismo pulmonar, 3 paradas cardiorrespiratórias e óbito.
Paciente com quadro sugestivo de isquemia de segmento anterior devido à quimioterapia ou a quadro pró-trombótico associado ao estado séptico e cancerígeno, ocasionando o tromboembolismo arterial. Não foi possível acesso à necrópsia para confirmação diagnóstica. A literatura relata possível associação de microangiopatia trombótica e eventos tromboembólicos com a Cisplatina e a Ciclofosfamida, sendo a Ifosfamida um análogo sintético desta.
Doenças Sistêmicas
Universidade Federal Fluminense (UFF) - Rio de Janeiro - Brasil
ANDREIA BRAGA ARAUJO MOURA, JAMIL AUGUSTO CARVALHO DAHER, HELENA PARENTE SOLARI
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP