RETINITE INDOLENTE POR CITOMEGALOVIRUS
Apresentar a forma atípica de retinite associada a infecção sistêmica por citomegalovírus.
Feminino, 63 anos, com queixa de baixa de acuidade visual (BAV) em olho esquerdo há 3 meses. História de transplante renal há 17 anos por doença renal policística, em regime imunossupressor atual com Micofenolato, Prednisona e Belatacept.
Ao exame oftalmológico do olho acometido, apresentava acuidade visual de 20/80. Destacavam-se, à biomicroscopia, presença de reação de câmara anterior 2+ e, à fundoscopia, lesões branco-amareladas confluentes, de aspecto granular, escassas hemorragias associadas, com extensão até extrema periferia associada a ramificações. Na propedêutica complementar, a retinografia de grande angular (imagem 1) corroborava com o achado fundoscópico e, na angiofluoresceinografia (imagem 2), evidenciava-se área em cunha com defeito em janela acometendo retina inferior e nasal, com extravasamento de contraste na região macular.
Diante do quadro clínico em paciente imunossuprimida, foi iniciado tratamento empírico com Valganciclovir em dose de indução (900 miligramas por via oral duas vezes ao dia por 21 dias), além de colírio corticóide e midriático. A paracentese de câmara anterior permitiu a confirmação etiológica com análise de reação em cadeia da polimerase positiva para citomegalovírus (CMV).
O relato de caso acima apresenta uma forma atípica da retinite por CMV, com curso indolente, aspecto granular e lesões predominantemente periféricas. O diagnóstico deve ser prontamente aventado quando no contexto de imunossupressão e BAV. Os exames complementares contribuem com a documentação e auxiliam tanto no seguimento das lesões iniciais, como na identificação de possíveis complicações.
Uveites / AIDS
Hospital das Clinicas da FMUSP - São Paulo - Brasil
Marina Marchetti, Lorena Lago de Menezes, Giulia Aragão Silva
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