NEUROPATIA OPTICA ISQUEMICA ANTERIOR ARTERITICA (NOIA-A) - UM CASO TIPICO E AS LIMITAÇOES DA BIOPSIA DE ARTERIA TEMPORAL
Relatar um caso com apresentação típica de NOIA-A e levantar as limitações da biópsia de artéria temporal.
Masculino, 78 anos, início há 2 meses de cefaleia, sensibilidade em couro cabeludo, zumbido, mialgia e perda ponderal de 5 kg em 6 meses, pesando atualmente 55 kg. Referia claudicação bilateral de mandíbula, impossibilitando finalizar as refeições por fadiga intensa da região, e há 15 dias percebeu redução da acuidade visual (AV) em olho esquerdo (OE). Apresentava AV corrigida de 0,5 em olho direito (OD) e CDAF em OE, e defeito pupilar aferente relativo à esquerda. Pseudofácico, com biomicroscopia dentro da normalidade, e ao exame de fundo de olho apresentava edema de disco óptico e palidez em ambos os olhos. Realizada hipótese de NOIA-A por Arterite de Células Gigantes (ACG), prescrita prednisona 1,5mg/kg/dia, solicitados exames laboratoriais, TC de crânio e biópsia de artéria temporal. Apresentou VHS de 110 MM/H, PCR 59 mg/L, plaquetas de 481.000/μL, TC de crânio sem alterações. Com 3 semanas de tratamento, teve melhora dos sintomas constitucionais e da AV de OD para 0,8, manutenção da AV em OE, regressão do edema de disco óptico, plaquetas de 223mil/μL, VHS de 12 MM/H e PCR 1 mg/L,. A biópsia não demonstrou presença de células gigantes, sendo descrita com espessamento da camada íntima. Em conjunto com equipe de reumatologia, e frente a um quadro com manifestações clássicas, e sabendo das limitações da biópsia, optado por manter o corticoide e iniciar sua regressão, associando metotrexato e tocilizumabe para tratamento de ACG.
A biópsia de artéria temporal é o padrão ouro para o diagnóstico de ACG, com especificidade de 100%. No entanto, em metanálise sua sensibilidade foi avaliada em 77%, e a literatura relata uma taxa de falso negativos entre 9 e 61%. Essa taxa decorre do momento e da área biopsiada, e da existência de fragmentos sem lesão (skip lesions). Assim, frente a uma doença grave e o paciente apresentando critérios clínicos bem estabelecidos, o tratamento deve ser realizado.
Neuroftalmologia
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - São Paulo - Brasil
Vitor Borges Guimaraes, Rosane Silvestre de Castro, Frederico Castelo Moura
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP