MIASTENIA GRAVIS CONGENITA: UM RELATO DE CASO
Descrever o caso de um paciente de 26 anos com diagnóstico de miastenia gravis congênita (MGC), enfatizando as possibilidades terapêuticas.
Paciente atendido no ambulatório de oftalmologia geral, apresenta fraqueza muscular generalizada e ptose bilateral, ambos com piora vespertina, associados a oftalmoparesia externa e disfagia para sólidos, presentes desde o nascimento, e com piora progressiva. Nega diplopia. Relata casos semelhantes na família. Ao exame físico, apresenta acuidade visual com correção de 0,8 em ambos os olhos; ptose bilateral leve, simétrica, que piora com a fatigabilidade; exotropia alternante de aproximadamente 20 dioptrias prismáticas com limitação importante da supradução, adução e abdução bilaterais; reflexo de Bell ausente; reflexos pupilares fotomotor e consensual presentes; biomicroscopia e fundoscopia normais. A eletroneuromiografia evidencia alterações sugestivas de síndrome do canal lento; biópsia muscular padrão miopático, e o teste genético variantes patogênicas dos genes CHRNE e RAPSN (associados à síndrome NGC dominante). Não apresentou melhora dos sintomas com uso de fluoxetina ou quinidina. No entanto, relatou melhora parcial da ptose e fraqueza muscular com uso da piridostigmina em associação com prednisona.
A MGC é uma doença crônica rara, caracterizada pela mutação do receptor de acetilcolina da junção neuromuscular. Apresenta herança autossômica dominante com alto grau de penetrância, mas expressão clínica variável. Sua real prevalência é desconhecida devido à dificuldade do diagnóstico, e seu envolvimento extra-ocular pode ser severo a ponto de causar oftalmoplegia externa completa. Apesar do relato na literatura, o paciente em questão não apresentou melhora com uso da fluoxetina ou quinidina. No entanto, apresentou melhora ocular e sistêmica com uso associado do inibidor da acetilcolinesterase e corticoide, ainda que a literatura descreva uma resposta ocular pobre, sem grandes alterações no curso natural da doença.
Genética
Centro de Referência em Oftalmologia (CEROF) - Goiás - Brasil, Universidade Federal de Goiás (UFG) - Goiás - Brasil
JÚLIA ALVES NASCIMENTO RODRIGUES, LORENNA DA SILVA BRAZ, ILSE ELIAS GOMES DORNINGER
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP