DESCOLAMENTO SEROSO BILATERAL ATIPICO E TRATAMENTO PARA TUBERCULOSE OCULAR PRESUMIDA PROLONGADO
Relatar um caso de tuberculose (TB) ocular com manifestações retinianas atípicas, desafiando o diagnóstico e tratamento convencionais, culminando em uma abordagem multidisciplinar para o manejo adequado.
Masculino, 48 anos, inicialmente atendido em janeiro de 2023 para prescrição de óculos, apresentava diminuição do brilho macular e foi encaminhado para avaliação da retina. No mês seguinte, após observação de baixa acuidade visual (AV) com correção 20/30 em ambos os olhos (AO) e cicatrizes maculares, solicitou-se uma série de exames, incluindo sorologias e tomografia de coerência óptica (OCT), que revelou descolamento seroso macular e cicatrizes (Fig. 1). A investigação subsequente incluiu testes para toxoplasmose, HIV, VDRL e PPD (11 mm), sendo este último positivo, sugerindo uma possível etiologia tuberculosa.
Entre agosto e dezembro de 2023, o paciente foi submetido ao tratamento para TB ocular, com melhora inicial da AV (20/20 AO) e dos achados clínicos. No entanto, após a interrupção da terapia específica para TB, houve recidiva dos sintomas e dos achados na OCT em janeiro de 2024, indicando um descolamento de retina progressivo (Fig. 2). A reavaliação da condição levou à sugestão de estender a intervenção para TB ocular resistente, associado ao uso de corticosteroides. Contudo, o paciente não seguiu um acompanhamento subsequente.
Em março de 2024, outro serviço diagnosticou incorretamente o paciente com coriorretinopatia serosa central (CSC) crônica, sendo até indicado terapia fotodinâmica (PDT), piorando seu estado. Limitações do sistema de saúde impactam o tratamento de uveítes graves. Paciente aguarda conduta e seguimento de volta no hospital universitário.
Este caso demonstra a complexidade diagnóstica e terapêutica da TB ocular, uma patologia comum e subdiagnosticada, devido à falta de profissionais qualificados. Nota-se a importância de um suporte eficiente ao paciente, oferecendo tratamento multidisciplinar e adequado para doenças oculares infecciosas e inflamatórias, sobretudo por meio do sistema público de saúde.
Retina
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Espírito Santo - Brasil, Universidade Vila Velha - Espírito Santo - Brasil
GABRIELE LEITE LIRA, LEONARDO ZAMPROGNO MACHADO, THIAGO CABRAL
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP