FECHAMENTO ANGULAR EM PACIENTE COM HANSENÍASE OCULAR
A hanseníase é causada pela infecção crônica do Mycobacterium leprae. As manifestações oculares são mais comuns na forma multibacilar, principalmente na forma clínica Virchowiana e incluem episódios de iridociclite, esclerite, neurite óptica e hipoestesia corneana. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente portador de Hanseníase Ocular com fechamento angular.
A.O.C., 46 anos, masculino, procura pronto-atendimento oftalmológico com queixa de baixa acuidade visual em olho esquerdo (OE) há um ano. Negava cirurgias oftalmológicas prévias. Paciente com história de Hanseníase Virchowiana, tendo finalizado 12 meses de poliquimioterapia (PQT-MB) há dois anos. Ao exame, apresentava acuidade visual (AV) de 20/80 em olho direito (OD) e conta dedos a 30 centímetros em OE. Evidenciou-se madarose de cílios e sobrancelhas, além de pérolas irianas em ambos os olhos (AO). Em OE, notou-se ausência de tecido iriano da uma às cinco horas. Pressão intraocular (PIO) era de 10 e 26 mmHg. Escavação 0,3 em OD e 0,9 em OE, além de vasos fantasmas AO. Fora iniciado duas classes de colírios hipotensores, porém paciente manteve PIO elevada em OE. Gonioscopia evidenciava em OD ângulo fechado 360 graus, com imprinting e presença de pérolas irianas no ângulo. No OE o ângulo inferior era visualizado até a Linha de Schwalbe e nas demais regiões até trabeculado não pigmentado, com imprinting no ângulo e pérolas irianas em todos os quadrantes. Procedeu-se com a realização de Trabeculectomia em OE com boa evolução pós operatória e realização de iridotomia por YAG Laser em olho direito.
O paciente deste caso apresentava quadro de hanseníase ocular dois anos após a realização de PQT-MB, momento em que é considerado tecnicamente curado e é o período em que as complicações oculares são menos comuns. Assim, os dados desse relato mostram a importância de um acompanhamento dos pacientes hansênicos, mesmo após o controle sistêmico umas vezes que as complicações oculares são responsáveis por alta morbidade da doença.
Glaucoma
Hospital Regional de São José - Santa Catarina - Brasil
NILTON JOSE BENTO JUNIOR, DAMARIS DE MARTINS E SOUZA, VALERI PEREIRA CAMARGO
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