Título

ENDOFTALMITE ENDOGENA: PROGNOSTICOS VARIADOS PARA UMA MESMA ENTIDADE

Objetivo

Relatar dois casos de endoftalmite endógena com manejos e outcomes distintos.

Relato do Caso

Caso 1: M.N.R, masc, 44 a, obeso, vai à emergência em fevereiro/22 por abscesso cervical com paresia de MSE e dor em OE há 7 dias. Visto na internação diabetes, periodontite, ITU, hemocultura com cocos gram +, anti-HIV NR e TC com lesões pulmonares, vertebrais e musculares sugestivas de focos infecciosos. Quadro AO incluía afinamento corneano mas só OE com dor, injeção ciliar, fotofobia, edema palpebral, RCA 3+, sinéquias posteriores extensas, necrose nasal superior, AVPH 20/100p e PIO 05. Iniciado prednisolona 2/2h e tropicamida TID tópicas e vancomicina EV. Como OE não melhorou após uma semana, fez-se injeção IV de vancomicina e um mês após, tinha AVPH 20/20 sem outros achados além de afinamento, sinéquias e área de adensamento vítreo.
Caso 2: N.C.L, fem, 50 a, diabética com ITU em uso de oxacilina e ceftriaxona, interna em agosto/22 por quadro em OE há uma semana de hiperemia, dor, edema palpebral e TC com densificação de planos adiposos e líquido periorbitário à esquerda. Ao exame, com RCA 4+, injeção ciliar, depósitos e fibrina em CA, fundo não visível, sinéquias posteriores 360º, miose fixa, AVSC PL e PIO 30. Iniciadas brimonidina BID e dexametasona 2/2h. No dia seguinte, USG mostrou loculações, debris, bolsões e fez-se injeção IV de vancomicina, ceftazidima e dexametasona, cultura vítrea e adicionada tropicamida TID e ciprofloxacino QID tópicos e prednisona 60mg VO. Resultado da cultura mostrou S.aureus e como em USG controle havia vitreíte intensa, foi feita vitrectomia e deixado OE em OS. Hoje está estável, sem colírios e com AVCC MM.

Conclusão

Endoftalmite é uma infecção grave, sendo causada por via endógena em 2-8% dos casos. Ela pode ter origem fúngica ou bacteriana e os fatores de risco incluem imunossupressão como diabetes, uso de droga EV, cateter, procedimento dentário e ITU. Tratamento precoce é chave e inclui antibiótico sistêmico, IV e se vitreíte importante, vitrectomia. Mesmo assim, até 19% dos casos passam por enucleação ou evisceração.