DOENÇA DE EALES: UM RELATO DE CASO ATIPICO
Discutir sobre a doença de Eales, vasculite idiopática e que tem seu diagnóstico firmado após exclusão de outras etiologias.
R.V.S., sexo feminino, 37 anos, cabeleireira, hígida, atendida em julho de 2022, relatava borramento visual súbito em olho direito há 15 dias, sem outras queixas associadas. Ao exame, a acuidade visual para longe era 20/30 em olho direito (OD) e 20/20 olho esquerdo (OE). Biomicroscopia sem alterações. No exame de fundo de olho, apresentava microhemorragias em OD, OE sem alterações. Na Tomografia de Coerência Óptica, era possível visualizar edema macular cistóide e na angiofluoresceínografia, havia extravasamento em microaneurismas da arcada temporal superior associado à isquemia periférica em OD (Anexo 1). Diante da suspeita diagnóstica de doença de Eales, foi iniciada corticoterapia em dose imunossupressora (1mg/kg/dia), seguida de desmame lento. Paciente realizou investigação de doenças hematológicas, reumatológicas e infecciosas para exclusão de outras causas de eventos tromboembólicos, que não mostraram anormalidades. Após 3 meses, foi submetida à panfotocoagulação à laser para reduzir chances de recorrências e a paciente evoluiu com melhora da acuidade visual (AVL 20/20 AO), além da regressão do edema macular (Anexo 2), permanecendo sem recidivas ou alterações do quadro clínico até o momento.
Doença de Eales é uma periflebite oclusiva retiniana idiopática, geralmente bilateral em homens jovens, o que difere deste caso relatado em mulher jovem de forma unilateral. Se manifesta como áreas avasculares na periferia da retina, microaneurismas, e tortuosidade dos vasos retinianos. Apresenta uma fase inflamatória, levando a eventos vasooclusivos, e consequente isquemia e neovascularização. Pode evoluir com hemorragia vítrea e descolamento de retina. Deve ser considerada após eventos tromboembólicos, sendo necessário a exclusão de outras etiologias. O tratamento consiste em uso de anti-VEGF e panfotocoagulação à laser e deve ser imposto precocemente para controle da doença e de suas complicações.
Retina
Hospital Universitário Onofre Lopes/UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil
HELOISA ALVES DOS SANTOS, ANTÔNIA TÁVORA PINHO ROSADO VENTURA, CARLOS ALEXANDRE DE AMORIM GARCIA FILHO
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