RELATO DE CASO DE OFTALMOPATIA DE GRAVES UNILATERAL EM PACIENTE EUTIREOIDEO
Apresentar uma forma atípica de manifestação clínica da oftalmopatia de Graves.
Paciente sexo masculino, 38 anos, procedente de Natal/RN. Encaminhado ao serviço de oftalmologia do Hospital Universitário Onofre Lopes com queixa de visão dupla e olho esquerdo (OE) saltado há 3 meses. Apresentava glaucoma, em uso de britens, dorzolamida e travoprosta. Desconhecia doenças sistêmicas.
A acuidade visual era de 20/20 em ambos os olhos (AO). À inspeção foi observada proptose do OE e limitação de supradução AO. Estavam preservados os reflexos pupilares fotomotores direto e consensual. Sem alteração no segmento anterior. A pressão intraocular era de 12 mmHG no olho direito (OD) e 13 mmHg no OE. Na fundoscopia, o nervo óptico era pouco corado, com escavação 0,9 AO.
Realizou dosagem sérica de TRAB (1,73 UI/L), anti-TPO (inferior a 0,25 UI/ml), TSH (0,49 mU/L) e T4l (0,71 ng/dl). Ultrassonografia de tireoide sem alterações. Ressonância de crânio e órbitas que evidenciava: proptose moderada do OE; espessamento do reto medial e reto lateral do OE em relação ao OD, com assimetria no pós contraste, sem atingir a bainha tendínea na inserção da órbita; realce homogêneo e espessamento nodulariforme no terço proximal do reto inferior. Na biópsia do músculo reto inferior observou-se infiltrado inflamatório crônico. A tomografia de abdome total não apresentava alterações e a de tórax mostrava granulomas no segmento apical do lobo superior direito e anterior do lobo superior esquerdo.
O caso foi conduzido com a endocrinologia, realizado diagnóstico de oftalmopatia de Graves, apesar da função tireoidiana normal, e executada pulsoterapia, evoluindo com melhora da diplopia.
A oftalmopatia de Graves é a doença orbitária mais comum, autoimune, podendo ocorrer em qualquer faixa etária. Caracterizada pela deposição de imunocomplexos antitireoglobulina nos músculos extraoculares. O acometimento em homens costuma ser mais grave. Apesar de comumente relacionada à doença de Graves, devemos sempre aventar e investigar outras possíveis etiologias para a doença.
Órbita
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - (UFRN) - Rio Grande do Norte - Brasil
ANA BEATRIZ SEABRA SANTOS DE ARAÚJO, TALITA VIRGÍNIA FERNANDES DE OLIVEIRA, FLAVIA PELINSARI LANA