Órbita aguda induzida por rotura espontânea de cisto dermóide
Abordar um dos diagnósticos diferenciais de órbita aguda, o cisto dermoide roto.
H.D.S, 27 anos, masculino, procedente de Rio Branco-Ac atendido no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, com quadro de proptose ocular à esquerda, com evolução de 30 dias, associado à dor e hiperemia ocular. Mãe referia lesão em pálpebra superior lateral esquerda desde os 6 meses de idade, indolor e de crescimento lento.
Ao exame apresentava acuidade visual de 20/800 (ambliopia desde a infância) e 20/60, ptose da pálpebra superior esquerda, massa endurecida, de grande volume, móvel, indolor a palpação, contornos irregulares em região do rebordo superior temporal, associada à distopia nasal inferior, quemose, hiperemia e sinais exuberantes de órbita congelada.
A tomografia de órbita mostrava lesão nodular de densidade semelhante a da gordura orbitária e borramento do conteúdo de todo o andar superior da órbita.
Foi realizada uma orbitotomia via sulco palpebral superior que permitiu a exérese in totum da leão e de parte da gordura orbitária infiltrada adjacente.
O exame anátomo-patológico evidenciou lesão cística de 2,9 x 1,8 x 1,6 cm, revestida por epitélio estratificado escamoso queratinizado, com camada granulomatosa, parede com folículos pilosos associados a glândulas sebáceas. Sendo então confirmado o diagnóstico de cisto dermóide.
O cisto dermóide é o coristoma mais comum da região periorbitária. Acredita-se que seu desenvolvimento esteja relacionado a sequestro, na fase embrionária, de tecido ectodérmico aberrante em uma linha de sutura óssea gradualmente forma um cisto. Normalmente é uma massa indolor, notada nos primeiros meses de vida em qualquer sutura, porém mais frequentemente nas suturas frontonasal e frontozigomática. Na maioria dos casos, a massa é anterior cresce sem induzir proptose. Microroturas espontâneas no cisto ocorrem com frequência sem sinais de inflamação aguda. A inflamação orbitária aguda não é um achado comum nos cistos dermóides e possivelmente deve-se a saída crônica do conteúdo da lesão para o interior da órbita.
Oculoplástica
Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo - Brasil
RENATA FERNANDES CUNHA, Valéria B Boreck Seki, Antônio Augusto Velasco Cruz