Importância do papel do Oftalmologista para o diagnóstico da Granulomatose de Wegener
Relato de um caso de esclerite anterior necrotizante causada por Granulomatose de Wegner (GW) que apareceu 18 meses antes das manifestações sistêmicas da doença, evidenciando a associação das doenças reumatológicas e envolvimento ocular.
L.C.J, feminina,64 anos, procedente do município de São Luís-MA, veio ao serviço de oftalmologia do HUPD com queixa de dor ocular AO há 1 ano, com piora há 1 mês. Iniciou investigação para dor ocular 6 meses antes em rede externa, sendo encaminhada pelo oftalmologista ao reumatologista que fez investigação com exames laboratoriais, porém com resultado negativo para SJ, LES, DMTC, AR. A biomicroscopia do olho direito mostrava presença de perfuração corneana e esclerite necrotizante com afinamento importante e a do olho esquerdo afinamento escleral superior com exposição uveal e edema de córnea. Ambos os olhos apresentavam catarata secundária com sinequias posteriores e o olho direito já apresentava sinais de phythisis. A paciente foi internada para investigação reumatológica e tratamento sistêmico. Exames laboratoriais mostravam p-ANCA reagente de 1/20. Um mês após internação foram realizados 2 patches de córnea em córnea e esclera devido afinamento escleral e melting corneano. Até aquele momento a reumatologia não havia decidido entrar com imunossupressão específica. Iniciou terapia imunossupressora com metilprednisolona e ciclofosfamida 2 meses depois do primeiro contato e após 1 ano obteve-se bom controle da doença com terapia imunossupressora. O diagnóstico definitivo foi feito após 18 meses do quadro inicial por meio de TC de seios da face evidenciando caracteristicas de GW.
A esclerite anterior necrotizante ocorre mais em mulheres, com média de 66 anos, é mais frequentemente associada a doença inflamatória sistêmica e com maior risco de complicações oculares. Assim, o oftalmologista deve deter o conhecimento sobre as doenças reumatológicas que afetam o olho e o trabalho conjunto com o reumatologista são determinantes para o controle da doença sistêmica e integridade da visão.
Doenças Sistêmicas
Hospital Universitrio Presidente Dutra - HU UFMA - Maranhão - Brasil
RENATA BEZERRA FERRAZ, Roberta Jansen de Mello Farias Guimaraes, Maria Clara Chaves Macedo