Síndrome do Déficit de Elevação Monocular
Relatar o desafio do diagnóstico diferencial em um caso de Síndrome do Déficit de Elevação Monocular e evidenciar a importância da avaliação intraoperatória.
J.A.L, masculino,54 anos, queixa de desvio ocular em olho esquerdo (OE) presente desde infância. Negou comorbidades, trauma ou alterações neurológicas. Referiu ptose congênita OE. Ao exame: AVSC de 20/20 em olho direito (OD) e 20/30 OE. Biomicroscopia e fundoscopia: sem alterações; apresentava ptose em OE de 4mm, fenda palpebral de 6mm e MEPS 8mm. Reflexo de Bell preservado em OD e diminuído em OE, teste de força gerada (FGT) aparentemente reduzido em reto superior (RS) e teste de ducção forçada (FDT) negativo em RS. Prisma e Cover teste sem correção: HOTE25 para perto e para longe, preferindo OD. Movimentos oculares: ausência de elevação de OE.
Suspeitou-se de paralisia dupla de elevadores, porém, foram analisados possíveis diagnósticos diferenciais, sendo importante distinguir entre: restrição primária de reto inferior, paresia primária ou paralisia do reto superior e defeitos supranucleares. O planejamento da conduta terapêutica foi baseado em medidas de FDT refeitas em centro cirúrgico por pouca cooperação ambulatorial de paciente, se confirmado paralisia primária de elevador a técnica de escolha seria Knapp. No intraoperatório foi detectado restrição primária de reto inferior (RI) e optado pelo recuo de RI esquerdo de 6mm como técnica definitiva.
Quando há um déficit de elevação monocular congênito é de extrema importância classificarmos o paciente entre os 3 grupos citados acima de acordo com os testes : FDT, FGT e reflexo de Bell. A conduta cirúrgica dependerá exclusivamente dos resultados apresentados, sendo muitas vezes necessário refazer medidas no intraoperatório se testes ambulatoriais não fidedignos; assim teremos uma conduta mais adequada e individualizada para cada caso. Diversos estudos relataram que a restrição do RI pode gerar um equívoco em até 70% dos casos denominados como paralisia dupla de elevadores, reforçando a necessidade de uma avaliação criteriosa.
Estrabismo
Hospital de Olhos do Paraná - Paraná - Brasil
MARIANA TROIANI DIAS, camille Catarina Artuso, Thassia Fernanda Tadiotto