QUANDO A INFEÇAO SIMULA GLAUCOMA: RELATO DE CASO E REVISAO
O objetivo do trabalho é relatar um caso de neuropatia óptica de aspecto glaucomatoso que, por fim, teve diagnóstico de neurossífilis com acometimento oftalmológico unilateral.
Paciente O.A.O., 63 anos, diabético não insulinodependente e hipertenso, é encaminhado, em janeiro de 2021, ao setor de neuroftalmologia devido à perda de acuidade visual súbita, em olho esquerdo.
Durante a consulta médica (5 meses após o evento), informou acuidade visual de 20/20 em olho direito e conda dedos à 3 metros em olho esquerdo, associada a uma pressão intraocular de 21mmHg, defeito pupilar aferente relativo e escavação de 0,4 evidenciando a lâmina crivosa e notch temporal inferior. Olho direito sem alterações, pressão intraocular de 12 mmHg. Campo de visão e papilografia em anexo.
Solicitados exames laboratoriais que revelaram: VDRL 1:16 e FTA-ABs IgM e IgG reagentes. Dessa forma, realizou-se o diagnóstico de neurossífilis.
Foi realizado tratamento com penicilina cristalina endovenosa intra-hospitalar por 14 dias. Entretanto, o paciente não obteve melhora da acuidade visual, principalmente, devido ao tempo entre o início dos sintomas e o tratamento, que totalizou cerca de 5 meses.
Com o aumento do número de casos de sífilis, casos atípicos como o envolvimento ocular vêm sendo mais frequentes. Em pacientes que se apresentam com perda visual súbita ou lentamente progressiva, a infecção por sífilis deve ser sempre lembrada. Embora exista a uveíte sifilítica, o envolvimento oftalmológico em pacientes com sífilis é considerado diagnóstico de neurossífilis e deve ser tratado de forma emergencial para evitar a perda visual irreversível e outras sequelas.
Neuroftalmologia
Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
MARIA PAULA SANDRI FACCHIN, Marcela Fabiana Bordaberry, Víctor Sánchez Zago