Paralisia do Olhar Conjugado Horizontal secundário a AVE e seus possíveis diagnósticos diferenciais topográficos: Relato de Caso
Descrever o caso de uma paralisia do olhar conjugado a esquerda após quadro de AVE e discutir seus possíveis diagnósticos diferenciais topográficos
Paciente do sexo Masculino, 60 anos de idade, previamente hipertenso e hipotireoideo apresentou 4 sucessivos episódios de AVE além da exérese de tumoração cerebelar há cerca de 3 anos. Evoluiu, desde então, com paralisia do olhar conjugado a esquerda, na qual apresenta restrição moderada de adução do olho direito (-4) e restrição completa da abdução do olho esquerdo (-7) ao olhar conjugado horizontal para a esquerda. Não apresenta nenhuma outra alteração nas demais versões. O cover test revela esotropia incomitante para perto e para longe de 50 dP em posição primária do olhar (PPO) que se acentua em levoversão e diminui em dextroversão. Apresenta movimento de convergência binocular preservado. Não apresenta alteração dos reflexos pupilares, defeito pupilar aferente relativo, alteração na acuidade visual, na percepção de cores e contraste, ao exame biomicroscopico anterior e posterior e ao mapeamento de retina. O paciente refere percepção de diplopia binocular horizontal em PPO que se acentua ao olhar para esquerdo e que melhora ao olhar a direita.
O quadro apresentado suscita alguns diagnósticos diferenciais no âmbito das alterações que cursam com alteração no olhar conjugado horizontal. Pontuam-se como diagnósticos diferenciais a oftalmoplegia internuclear, lesões pontinas, lesões do núcleo do 6o par craniano e lesões a nível dos campos oculares frontais. Frisa-se a importância da ampla investigação clínica e neurológica nos pacientes que abrem subitamente quadros de oftalmoplegias visto que essas alterações podem decorrer de AVEs e outras neuropatias potencialmente fatais e/ou de alta morbidade.
Neuroftalmologia
Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil
AMANDA CAMPOS FRANCO, CAROLINA MENEZES DUTRA, LUIZA LIMA OLIVEIRA