PERFURAÇAO CORNEANA PERIFERICA: OPÇOES DE TRATAMENTO
Discutir possíveis opções de tratamento nas perfurações corneanas periféricas
Em alguns estudos, perfurações com menos de 2,5mm de diâmetro possuem 85% de sucesso no selamento com cianoacrilato.
O selo de cianoacrilato serve de apoio ao crescimento de tecido corneano sobre a perfuração e possui ação bacteriostática, sendo inclusive usado no tratamento de úlceras corneanas, em alguns estudos.
Na falha terapêutica com cianoacrilato, deve-se considerar o uso de transplante tectônico ou patch escleral/corneano
Masculino, 63 anos, pedreiro, encaminhado ao nosso serviço devido BAV súbita e dor OE há 1 dia. Referia ainda sensação de corpo estranho, fotofobia e dor moderada em olho esquerdo há cerca de 4 meses. Negava traumas, cirurgias ou demais antecedentes oftalmológicos. Ao exame, evidenciada acuidade visual de 20/30 OD e conta dedos a 1 metro OE
À biomicroscopia de OE, evidenciado atalamia, úlcera corneana periférica perfurada às 8h, medindo 1,3x1,4mm, herniação de íris através da lesão e neovasos superficiais em topografia de lesão
Como conduta, paciente submetido à TC de crânio (sem alterações) e encaminhado ao CC, sendo feita espatalução de íris, tamponamento de lesão com cola de cianoacrilato e colocação de LC terapêutica. Ao final do procedimento, evidenciada câmara anterior formada e teste de Seidel negativo
Paciente, evoluiu com queda do selo de cianoacrilato, sendo tentado a mesma técnica novamente
Com a nova falha do tratamento, optou-se por fechamento definitivo da lesão com patch escleral (devido maior disponibilidade que o corneano e pela localização da lesão) com recobrimento conjuntival, evoluindo de maneira favorável, com AV final 20/40 e baixo cilindro
Mais estudos são necessários para definição de critérios e contra indicações à terapia com cola de cianoacrilato.
Este relato de caso demonstra falha dessa técnica em uma perfuração que se encaixava nos critérios publicados, com tratamento definitivo bem sucedido somente com patch escleral com recobrimento conjuntival.
Opção viável também seria patch corneano tectônico.
Córnea
HOIP - São Paulo - Brasil
FELIPE DE ANDRADE BUDIN, Fernando Paganelli, Andre Homsi Jorge