PROPTOSE OCULAR DE EVOLUÇAO RAPIDA EM PACIENTE COM HISTORICO DE CANCER DE MAMA
Relatar o caso de uma paciente com histórico de câncer de mama que desenvolveu proptose de evolução rápida.
Paciente feminina, 61 anos, com queixa de “aumento do olho esquerdo” e dor há 10 meses. Histórico de câncer de mama há 4 anos, tendo realizado quadrantectomia e esvaziamento axilar, quimioterapia e radioterapia, e iniciou uso de anastrozol. Ao exame oftalmológico apresentava: acuidade visual corrigida de 1,0 em OD e 0,6 em OE, reflexo fotomotor e visão de cores normais, exoftalmometria com base de 115, OD com 22mm e OE com 28mm, na avaliação da motilidade ocular mostrava restrição discreta nas lateroversões e elevação do OE. Biomicroscopia de OD: sem alterações; OE: hiperemia conjuntival e quemose 2+, ceratite discreta, fundoscopia: escavação 0.7 em AO, tonometria: 16mmHg em AO. Realizou ressonância magnética, que mostrou formação expansiva sólida na órbita esquerda, lateral ao músculo reto lateral com margens bem definidas, deslocamento medial do nervo óptico e proptose do olho esquerdo. Diante do contexto clínico, considerou-se a possibilidade de acometimento neoplásico secundário, sem afastar lesão primária da órbita, incluindo meningioma. Foi submetida a biópsia incisional da lesão orbital, a avaliação sob microscopia óptica e estudo imunohistoquímico mostraram neoplasia fusocelular compatível com infiltração por meningioma.
Os meningiomas ocorrem mais em mulheres e, apesar de estudos identificarem ligação do seu crescimento com fatores hormonais (estrogênio e progesterona), outros trabalhos mostram que esta associação ainda não é bem estabelecida. Relatos de casos de meningioma em mulheres com câncer de mama foram descritos, sobretudo nas submetidas à radioterapia, entretanto a relação entre essas neoplasias ainda necessite de maiores evidências. Embora os achados nos exames de imagem de meningiomas sejam bem característicos para esta doença, no contexto de uma paciente com câncer de mama que apresenta propotose de evolução rápida associada a dor, é importante confirmar o diagnóstico através de exame histopatológico.
Órbita
HUPES - UFBA - Bahia - Brasil
ÁDILA RIOS GONÇALVES, Mariluze Sardinha, Natalia Lopes Leal