Código
RC215
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre
Autores
- RODRIGO MOMBERGER ROESLER (Interesse Comercial: NÃO)
- RODRIGO FICHBEIN MARCON (Interesse Comercial: NÃO)
- ISLAM MARUF AHMAD MARUF MAHMUD (Interesse Comercial: NÃO)
Título
TUBERCULOSE COMO OPORTUNIDADE DIAGNOSTICA PARA DOENÇA DE EALES: RELATO DE CASO
Objetivo
Discutir o quadro clínico e a associação com o diagnóstico de tuberculose em paciente com Doença de Eales atendido no Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre.
Relato do Caso
Paciente, sexo masculino, 19 anos, previamente hígido, procura emergência oftalmológica devido a queixas de baixa acuidade visual (BAV) em olho direito (OD) há 3 meses. Ao exame, a acuidade visual era de contar dedos em olho direito (OD) e 20/20 em olho esquerdo (OE). Tonometria e biomicroscopia normal em ambos os olhos. Ao exame de fundo de olho (FO) em OD apresentava edema importante de nervo óptico associado à área de retinite adjacente, vasos fantasmas, regiões de hemorragia e turvação vítrea. OE sem alterações em FO. Foram solicitados exames de rastreio e angiografia fluoresceínica (conforme imagens 1 e 2). No retorno, percebeu piora na acuidade visual em OD (“movimento de mãos”) e o FO em OD se tornou impraticável pela hemorragia vítrea (confirmada em ecografia). Trouxe o resultado dos exames de rastreio, com prova tuberculínica (PPD) de 20mm e radiografia de tórax com espessamento das paredes brônquicas. Demais exames sem alterações. Foi encaminhado à unidade básica de saúde para iniciar tratamento com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Durante os 6 meses de acompanhamento, após perceber melhora da AV em OD, houve nova BAV devido à novo quadro de hemorragia vítrea. Foi então, indicado vitrectomia posterior via pars plana (visualizado áreas de neovascularização em arcadas e periferia) e realizado endolaser. Paciente percebeu melhora subjetiva da visão no pós operatório, apesar de procedimento ter sido recente.
Conclusão
A Doença de Eales apresenta-se como uma vasculite retiniana oclusiva primária, que acomete preferencialmente homens jovens. Acomete predominantemente veias, cursando com neovascularização e hemorragias vítreas de repetição. Acredita-se que possa ter relação ao contato prévio com o agente da TB. Devido a grande prevalência de TB no Brasil, não podemos deixar de lembrar da Doença de Eales como diagnóstico diferencial no contexto das vasculites.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP