Código
RC017
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Oftalmológico de Anápolis
Autores
- João Pedro Cavalcante Roriz Teixeira (Interesse Comercial: NÃO)
- Amélia de Oliveira Pereira (Interesse Comercial: NÃO)
- Adriana Ribeiro de Almeida (Interesse Comercial: NÃO)
Título
FORMAÇAO DE DUPLA CAMARA ANTERIOR EM POS-OPERATORIO DE DALK, O QUE FAZER?
Objetivo
Descrever "descemetorrexe" em caso de formação de dupla câmara anterior (CA) durante o DALK (Ceratoplastia Lamelar Anterior Profunda).
Relato do Caso
Paciente 29 anos, feminino, com diagnostico prévio de ceratocone. Ao Pentacam apresentou ceratometria máxima de 56,8 dioptrias (D) em olho direito (OD) e 76,1D em olho esquerdo (OE), e paquimetria no local mais fino de 431 e 345 micras respectivamente. Acuidade visual (AV) com correção de 20/500 e estrias de Vogt em OE. Não houve adaptação com lentes de contato rígida. Indicado DALK em OE. Durante confecção do “big-bubble” ocorreu microperfuração superior. No 1º dia pós operatório (PO), apresentou edema do botão do transplante (TX), com dobras de Descemet em eixo visual e tonometria de 20 mmHg em OE. No 10º dia visulizou-se dupla CA, botão do TX com edema, dobras de Descemet e AV de contar dedos a 1 metro. No 12º PO indicada injeção de ar em CA. Todavia, o humor aquoso volta a adentrar a interface 2 dias após a intervenção formando, novamente, a dupla CA. No 24º PO da injeção de ar, optou-se pela retirada da Descemet receptora com tesoura de Vannas e pinça delicada. No 47º PO, paciente evoluiu com melhora do edema do TX, e da AV para 20/70.
Conclusão
A integridade da Descemet é fundamental para o êxito do DALK. As perfurações podem ocorrer durante a dissecção lamelar profunda, a injeção de ar e a sutura. Em tais circunstâncias, o risco de formação de CA dupla aumenta, especialmente se houver aberturas na junção entre o enxerto e o hospedeiro, permitindo o fluxo de humor aquoso entre o endotélio e a Descemet não removida. Durante a cirurgia são consideradas sutura da lamela, a injeção intracameral de ar e o uso complementar de cola de fibrina. Neste caso específico, relatamos o sucesso do procedimento de "descemetorrexe" na Descemet do receptor, que resultou em um desfecho positivo em um caso de CA dupla após o DALK. A importância deste relatório reside na escassez de literatura sobre abordagens cirúrgicas para casos de CA dupla que não se resolvem com injeção de ar ou gás na CA.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP