Sessão de Relato de Caso


Código

RC029

Área Técnica

Doenças Sistêmicas

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

Autores

  • HELOIZA DE CASTRO (Interesse Comercial: NÃO)
  • LUIZA MOSCHETTA ZIMMERMANN (Interesse Comercial: NÃO)
  • SERGIO FELBERG (Interesse Comercial: NÃO)

Título

CERATITE ULCERATIVA PERIFERICA E A IMPORTANCIA DO EXAME FISICO SISTEMICO: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar o caso de uma paciente em que o exame físico sistêmico foi fundamental para o diagnóstico e manejo do quadro ocular.

Relato do Caso

Paciente, feminina, 71 anos, buscou atendimento devido dor no olho esquerdo há 1 semana, sem outros sintomas. Negava comorbidades ou uso de medicações. Possuía histórico de entrada no pronto socorro há 2 anos com quadro de perfuração do olho direito, porém negava traumas ou infecções oculares - realizou cirurgia de evisceração de urgência e perdeu seguimento. No exame, a acuidade visual era sem percepção de luz à direita e 20/20 no olho esquerdo. À biomicroscopia do olho esquerdo, havia ulceração corneana periférica inferior, além de afinamento da região. Observava-se também desvio ulnar e sinovite de articulações da mão direita. Frente ao histórico de perfuração ocular e às alterações do exame físico, foi realizada a hipótese diagnóstica de ceratite ulcerativa periférica (PUK) secundária à artrite reumatoide (AR). Foi prescrita corticoterapia oral associada à lubrificação ocular. O caso foi discutido com a equipe da reumatologia que manteve a hipótese de AR erosiva e iniciou seguimento da paciente. Após 2 semanas, paciente apresentava melhora do quadro ocular. Mantém acompanhamento regular multidisciplinar.

Conclusão

A PUK é uma doença inflamatória que causa afinamento estromal associado a defeito epitelial corneano. O quadro ocular é grave e pode levar à perfuração ocular. Diversas doenças autoimunes já foram associadas à PUK, porém, as mais comumente encontradas são AR, poliarterite nodosa e granulomatose com poliangeíte. Apesar desta forte associação, não é incomum que os pacientes abram o quadro com sintomas oftalmológicos ou mesmo não tenham diagnóstico apesar de manifestações clínicas, como no caso relatado: a paciente já apresentava deformidades secundárias à erosão óssea ocasionada pela AR, porém, não sabia ser portadora da doença. Nestes casos, o oftalmologista necessita estar atento para referenciar o paciente para uma avaliação sistêmica, visto que estas doenças possuem alta morbidade e mortalidade.

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