Sessão de Relato de Caso


Código

RC014

Área Técnica

Córnea

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Hospital das Clinicas da FMUSP

Autores

  • LUCCA PIZZATO TONDO (Interesse Comercial: NÃO)
  • Pedro Henrique Oliveira Ribeiro (Interesse Comercial: NÃO)
  • Ruth Miyuki Santo (Interesse Comercial: NÃO)

Título

CERATITE ULCERATIVA PERIFERICA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇAO DE VASCULITES ANCA-ASSOCIADAS: RELATO DE DOIS CASOS

Objetivo

Os presentes relatos têm como objetivo ilustrar os desafios diagnósticos na ceratite ulcerativa periférica (PUK) associada ao anticorpo citoplasmático anti-neutrófilo (ANCA). Enfatiza-se a importância de uma investigação completa e alta suspeição para afecções reumatológicas em pacientes com PUK.

Relato do Caso

Caso 1: Homem de 43 anos com história de acompanhamento reumatológico prévio por doença não especificada veio ao pronto socorro com lesão corneana sugestiva de PUK (Fig. 1) em olho esquerdo (OE). Acuidade visual (AV) foi de 20/80. A investigação ambulatorial revelou um c-ANCA 1:320 e FAN 1:160, sem demais alterações. Iniciou-se azatioprina 150mg/dia e prednisolona via oral com melhora do quadro e AV de 20/32 após 1 mês de tratamento. Houve piora do quadro com a troca de corticoide oral para colírio, sendo necessária reintrodução do corticoide via oral e aumento da azatioprina. O paciente segue em acompanhamento sem novas reativações. Caso 2: Mulher de 57 anos sem comorbidades veio a consulta ambulatorial com queixa de dor ocular bilateral há um ano, associado a acometimento escleroconjuntival e lesões sugestivas de PUK (Fig. 2), pior em OE. AV no olho direito (OD) era de 1,0 e no OE de contar dedos a 1 metro. A investigação laboratorial foi positiva para ANCA 1:20 e FAN 1:80, sem demais alterações sistêmicas. A biópsia conjuntival mostrou vasculite sem presença de granulomas, sugerindo o diagnóstico de poliangeíte microscópica. A paciente foi tratada com metotrexato 15mg/semana e colírio de dexametasona, com regressão completa da lesão no OD e formação de pannus cicatricial no OE. A paciente segue em acompanhamento ambulatorial sem sinais de reativação da doença.

Conclusão

Esses casos ilustram a importância de considerar vasculites sistêmicas em pacientes com PUK, visto que esta pode ser a primeira e por vezes única manifestação do paciente. Embora a principal doença associada a PUK seja a artrite reumatoide, as vasculites associadas a ANCA também são causas possíveis e a presença de PUK correlaciona-se com maior gravidade da doença.

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