Código
RC320
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Evangélico de Belo Horizonte
Autores
- GABRIEL PENIDO DE OLIVEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- YURI BOSI TOREZANI (Interesse Comercial: NÃO)
- JHONATA FREITAS DE RESENDE (Interesse Comercial: NÃO)
Título
TOXOCARIASE OCULAR: DESAFIOS DIAGNOSTICOS E REPERCUSSOES VISUAIS
Objetivo
Relatar caso de toxocaríase ocular em criança previamente hígida com boa resposta ao tratamento com albendazol.
Relato do Caso
Paciente feminina, 8 anos, atendida na urgência do Hospital Evangélico de Belo Horizonte em 19/08/22 com baixa acuidade visual (BAV) em olho direito (OD) há 4 dias. Sem outros sintomas, comorbidades e cirurgias prévias, relatava contato com cães. Ao exame: acuidade visual (AV): OD: percepção luminosa (PL); OE: 20/20. Biomicroscopia e tonometria sem alterações. Mapeamento de retina: OD: lesão macular elevada amarelada de aspecto exsudativo com área hiperpigmentada com cerca de 1,5 diâmetros de disco e vasos em seu interior associada à descolamento de retina seroso e exsudatos duros; OE: sem alterações. Paciente encaminhada ao departamento de Retina e Uveíte, sendo realizadas em OD: retinografia, tomografia de coerência óptica (OCT - desorganização de camadas internas com cistos intrarretinianos, perda da camada de fotorreceptores e lesão coroideana amorfa de média refletividade) e ultrassonografia ocular (lesão cupuliforme macular sem calcificações). No dia 24/08/22, em consulta no departamento, mantinha AV de PL em OD, sendo levantada hipótese de toxocaríase ocular, iniciado tratamento empírico com albendazol 400 mg/dia e solicitada sorologia para T. canis (positiva). A paciente evoluiu bem com albendazol, cursando com AV em OD de 20/30 (31/08), 20/20 parcial (14/09) e 20/20 (21/09) com posição de cabeça virada para a esquerda.
Conclusão
Frente a quadros de BAV e lesões retinianas em crianças, devem-se investigar diagnósticos diferenciais, como: retinoblastoma, doença de Coats, toxoplasmose etc. Apesar de rara, a toxocaríase ocular também deve ser investigada, pela possibilidade de tratamento com boa resposta, como exposto. Trata-se de uma zoonose causada por nematódeos (T. canis e T. cati) que acomete tipicamente crianças. Em 90% dos casos é unilateral, evoluindo mais comumente com granuloma posterior central (26 a 45% dos casos). Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para recuperação visual dos pacientes.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801