Código
RC005
Área Técnica
Catarata
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: UNIVAÇO
Autores
- HUGO HENRIQUE DE MENEZES VIEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- CAROLINA MENEZES DUTRA (Interesse Comercial: NÃO)
- GUSTAVO MOREIRA MADEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
IMPREGNAÇOES OCULARES SECUNDARIAS AO USO PROLONGADO DE CLORPROMAZINA
Objetivo
Discorrer sobre caso de paciente com múltiplas comorbidades e em uso polifarmácia que evoluiu padrão típico depósitos oculares bilaterais desencadeados pelo uso prolongado de Clorpromazina (CPZ).
Relato do Caso
Masculino, 35 anos, portador de lúpus vascular, esquizofrenia e epilepsia, em uso de hidroxicloroquina, quetiapina, nortriptilina, prometazina, levomepromazina, diazepam, gabapentina e fenobarbital. Sem passado ocular relevante, além de suspensão de Clorpromazina por recomendação oftalmológica (afirma que fez uso de 10 comprimidos ao dia ao longo de 20 anos). Admitido no nosso serviço, com quadro atual de baixa acuidade visual em ambos os olhos (AO). A acuidade visual corrigida era de 20/40. À biomicroscopia, em AO: deposição de pigmentos finos amarronzados em endotélio e estroma posterior de córnea, além de cápsula anterior do cristalino. Fundoscopia sem alterações. A CPZ é uma droga antipsicótica da classe fenotiazina. O seu uso prolongado em altas doses está associado ao acúmulo cutâneo e ocular de pigmentos. As principais áreas de depósito ocular são pálpebras, conjuntiva, córnea e cristalino. Alterações na retina são possíveis, apesar de raras. As opacidades corneanas podem resultar em perda de acuidade visual e se dividem, de acordo com a camada de acúmulo, em endoteliais, estromais e epiteliais, sendo a última menos frequente. Esses depósitos ocorrem em áreas expostas à luz solar em decorrência da reação fototóxica da CPZ, que resulta em um pigmento composto por melanina e metabólitos do medicamento. A interrupção do uso da CPZ não resulta em regressão significativa das opacidades córneas, embora melhoras lentas tenham sido relatadas sobretudo em acúmulos epiteliais.
Conclusão
Opacidades corneanas podem ter diversas etiologias: distrofias da córnea, doenças inflamatórias, doenças não inflamatórias e depósitos induzidos pelo uso de drogas. A familiaridade com o padrão e o local dos depósitos das opacidades pode ser a chave para se chegar a delimitação dos diagnósticos diferenciais, o que é essencial para planejamento do manejo do paciente.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801