Título

PENFIGOIDE OCULAR CICATRICIAL

Objetivo

Relatar caso de paciente com conjuntivite cicatricial bilateral associado a penfigoide.

Relato do Caso

Paciente masculino, 54 anos, hipertenso, com queixa recorrente de vermelhidão ocular bilateral associada a lacrimejamento, secreção e dor ocular desde abril/21. Portador de glaucoma, histórico de trauma perfurante e cirurgia de catarata em olho direito (OD) há 10 anos. Apresentava baixa visão em ambos os olhos (acuidade visual (AV) percepção luminosa com cor no OD e 20/200 no olho esquerdo(OE). Ao exame do segmento anterior bilateral apresentava descamação periocular, hiperemia conjuntival, pseudomembrana, simbléfaro, conjuntivalização corneana (com piora assimétrica e limitação de motilidade ocular extrínseca em OD), além de ceratite estromal corneana inespecífica em OE. Exame de segmento posterior de OE e ultrassonografia de OD sem alterações relevantes. Foi iniciada lubrificação intensa e tratamento antimicrobiano de amplo espectro para ceratite e solicitado parecer da dermatologia com relação a descamaçao periocular. Diante da principal hipótese de penfigoide ocular cicatricial, foi iniciado corticoide tópico com boa resposta terapêutica bilateralmente e melhora de visão em OE (20/25). Realizou biopsia conjuntival com histopatológico e imunofluorescência inconclusivos para penfigoide ocular ou outras doenças do tecido conjuntivo. Mas diante de alta suspeita clínica, foi iniciado tratamento com dapsona e prednisona oral em desmame com aparente controle, porém com necessidade de interrupção de uso por farmacodermia no terceiro mês de uso. Após investigação e rastreio reumatológico foram excluídas etiologias autoimunes, iniciou o uso de azatioprina com excelente resposta terapêutica e estabilização do quadro ocular.

Conclusão

O diagnóstico diferencial da Conjuntivite Ocular Cicatricial é complexo e frequentemente multidisciplinar. A confirmação histopatológica de penfigoide ocular muitas vezes não é possivel, devendo-se levar em consideração a suspeita clínica e persistir no tratamento presumido caso o Pênfigo Ocular seja a principal hipótese.